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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

A Evolução dos Direitos Trabalhistas: Reflexões Sobre 'O Capital' de Marx e Engels

                                      

Dag Vulpi


A obra 'O Capital', escrita por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX, continua a ecoar suas preocupações sobre desigualdade e exploração. Neste texto, explorarei como as reivindicações apresentadas por esses pensadores influenciaram a evolução dos direitos trabalhistas ao longo do tempo, revelando os progressos significativos, mas também os desafios persistentes na busca por justiça social e igualdade.


A obra é um tratado fundamental que aborda questões cruciais do sistema econômico e social da época. Nela, os autores apresentam uma análise minuciosa das contradições do capitalismo e fazem reivindicações contundentes que visam à transformação da sociedade.


Marx e Engels apresentam diversas reivindicações que refletem sua crítica ao sistema capitalista. Uma das principais demandas é pela eliminação da exploração do trabalho, propondo a criação de uma sociedade sem classes, na qual o trabalho seja realizado de acordo com a capacidade de cada indivíduo e os recursos sejam distribuídos com base nas necessidades.


Além disso, os autores enfatizam a importância da socialização dos meios de produção e do planejamento centralizado da economia, a fim de eliminar crises cíclicas e garantir a satisfação das necessidades da população. A luta por direitos trabalhistas, melhores condições de trabalho e a abolição do trabalho infantil são pontos destacados em suas reivindicações.


Marx e Engels acreditavam que a revolução proletária era o caminho para alcançar essas mudanças e criar uma sociedade mais justa e igualitária. Suas ideias em 'O Capital' continuam a influenciar o pensamento político e econômico, servindo como base para movimentos sociais e políticos em todo o mundo.


Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX, escreveram "O Capital", uma obra fundamental que delineava suas preocupações com as condições de trabalho e a exploração capitalista da época. Suas reclamações se concentravam na desigualdade, exploração e falta de direitos dos trabalhadores. Hoje, no entanto, podemos observar um contraste entre essas preocupações e a realidade dos direitos trabalhistas atuais.


Desde o século XIX, houve avanços significativos na proteção dos direitos dos trabalhadores. A maioria dos países desenvolvidos estabeleceu leis trabalhistas que garantem salários mínimos, limitam a jornada de trabalho, fornecem segurança no local de trabalho e estabelecem direitos sindicais. Isso representa um avanço notável em relação à época em que Marx e Engels escreveram "O Capital".


Além disso, os sistemas de seguridade social foram implementados em muitos países, oferecendo benefícios como assistência médica, aposentadoria e seguro-desemprego. Esses programas visam aliviar as pressões econômicas sobre os trabalhadores e proporcionar uma rede de segurança.


No entanto, apesar desses avanços, ainda existem desafios significativos. A desigualdade econômica persiste, e os direitos dos trabalhadores não são uniformemente aplicados em todo o mundo. Em muitas regiões, as condições de trabalho são precárias, com salários baixos, longas horas e falta de segurança no emprego. Além disso, a globalização e as mudanças tecnológicas têm levantado questões sobre a estabilidade do emprego e a capacidade dos trabalhadores de negociar em pé de igualdade com os empregadores.


Portanto, embora tenha havido progressos notáveis na proteção dos direitos trabalhistas desde os dias de Marx e Engels, as questões de desigualdade e exploração ainda são relevantes hoje. A luta contínua pela justiça social e pelos direitos dos trabalhadores demonstra que as preocupações levantadas por esses filósofos ainda têm um papel importante na moldagem das políticas e da sociedade contemporânea.


Considerando o que foi apresentado, é justificável afirmar que a visão utópica de Karl Marx e Friedrich Engels, delineada em sua obra seminal, progressivamente já alcançou muitos de seus objetivos ao longo do tempo.


O sonho, aos poucos e com muito suor e lágrimas, torna-se realidade.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

A Consciência Política tentando combater a Ignorância Erudita

Por Dag Vulpi - Publicado originalmente em 17 de julho de 2021.

Os impulsionadores da ignorância erudita têm uma certa predileção por difundir certos temas. É praticamente impossível você visitar uma rede social e não se deparar com alguma postagem ou comentário em que o assunto tratado não seja o comunismo. Não há nenhum problema no fato de as pessoas exporem suas opiniões sobre esse tema; muito ao contrário, considero o assunto pertinente e merecedor de toda atenção. Na verdade, o que me incomoda é o fato de que a maioria dos que se aventuram a enveredar nessa seara não sabe diferenciar comunismo de ditadura. Esse desconhecimento acaba causando um grande "prejuízo" para a conscientização coletiva.

Ainda que não seja um profundo conhecedor da causa, tentarei, de forma simples, colaborar na conscientização e consequente redução da ignorância erudita. Sinteticamente, tentarei mostrar os conceitos básicos e a discrepância entre Ditadura e Comunismo.

Ditadura: é um regime governamental no qual todos os poderes do Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido. O ditador não admite oposição a seus atos e ideias e reserva para si o poder das decisões.

Comunismo: é uma ideologia. Um movimento político, filosófico, social e econômico cujo objetivo final é o estabelecimento de uma sociedade estruturada sobre as ideias de igualitarismo, propriedade comum dos meios de produção e ausência de classes sociais, do dinheiro e do Estado. O comunismo também não pode ser confundido com "o socialismo"; ele, conforme idealizado, se sugere como uma forma ESPECÍFICA de socialismo.

Agora que entendemos o básico do que preconiza uma ideologia comunista e um regime ditatorial, vamos fazer um pequeno exercício usando como exemplo uma ilha caribenha que vive uma ebulição social e que sempre é citada como exemplo de regime comunista.

Vamos exercitar juntos alguns questionamentos que poderão colaborar no entendimento da distinção entre os dois sistemas:

  1. Na ilha de Cuba existem classes sociais? Ou seja, lá, como no resto do mundo, existe uma parte majoritária da população que é muito pobre e outra minoritária formada por uma casta de cidadãos abonados?

  2. Na ilha de Cuba existe a presença do Estado? Ou seja, lá existe representante ou representantes que concentram direitos políticos e determinam leis e regras que devem ser obedecidas por seus cidadãos?

Se a resposta para uma das perguntas acima for "SIM", poderemos afirmar que Cuba NÃO é COMUNISTA, mas sim uma DITADURA. Afinal, na utópica visão idealista do comunismo, a sociedade não pode ser dividida em classes sociais distintas. Tampouco, nessa sociedade, poderia haver a presença do Estado.

Sigamos com nossos questionamentos.

  1. Na ilha de Cuba, o governo concentra todos os poderes do Estado? Por exemplo, o governante cubano impõe ao seu povo leis que limitam suas liberdades?

  2. O governo cubano não admite oposição aos seus atos e ideias e tem poder absoluto de decisão?

Se a resposta para uma das perguntas acima for SIM, será a confirmação de que Cuba é uma DITADURA e não COMUNISTA. Pois, na utópica visão idealizada do comunismo, não existiria um governo com poderes de impor limites à liberdade do seu povo. Tampouco, na utopia comunista, haveria situação ou oposição. Afinal, entende-se por comunismo, conforme citado acima, a ausência total de Estado.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Hitler era de extrema direita, sim



Leia aqui o porque do ódio de Adolf Hitler aos judeus. 

Dizer que Hitler era de extrema-direita é igual dizer que a grama é verde. Dizer que Hitler era outra coisa no espectro político é igual dizer que a grama é azul. Há alguns anos, parecia impensável que um dia haveria um forte movimento de opinião dizendo algo parecido com dizer que a grama é azul. Mas infelizmente, o mundo em que vivemos atualmente está muito parecido com um hospício. Por isso, ficou necessário explicar didaticamente porque a grama é verde, ops, porque Hitler era de extrema-direita. E, com licença para usar uma gíria, o problema foi que deram mole. Quando apareceram os primeiros malucos falando que Hitler era de esquerda, foram ignorados, porque achava-se que pouquíssimos acreditariam nesta patacoada. Aí o monstro cresceu e já foi possível ver amigos virtuais dizendo que conhecem adolescentes que pensam que Hitler era de esquerda.

Há dois revisionismos sobre a história do nazismo que pilantras praticam por motivos políticos e que plateias aparecem porque, conforme dito no parágrafo anterior, o mundo está cada vez mais parecido com um hospício. Um revisionismo é o de que o Holocausto não existiu. O outro é o de que o nazismo seria de esquerda. O primeiro é o pior por desrespeitar vítimas de uma atrocidade. Mas o segundo não deixa de ser abjeto. E possui maior probabilidade de iludir pessoas. Portanto, este texto discute um pouco este revisionismo.

Os difusores deste revisionismo consistem em uma grande corrente de “pensadores” de direita e de usuários de Internet que seguem esses pensadores, que divulgam a patacoada de que o nazismo seria de esquerda com um simples objetivo: se livrar do filho feio. Como ninguém (ou melhor, quase ninguém) acha que o nazismo foi bom, é melhor esconder o fato de que o nazismo foi de direita para que o nome da direita não fique manchado. Estranhamente, alguns desses “pensadores” elogiam o Generalíssimo Franco, aquele que teve ajuda das forças armadas de Hitler para chegar ao poder. Apologistas do revisionismo de que Hitler era de esquerda são, em geral, discípulos do "mestre" Olavo de Carvalho, que por sua vez tem simpatia pelo Generalíssimo Franco. Entenderam alguma coisa? Os argumentos dos revisionistas são: 
  • O nome: Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP)
  • A cor vermelha da bandeira do partido
  • As políticas econômicas keynesianas
  • Documentos do partido com retórica anticapitalista

Revisionistas se inspiram em textos de figuras de "grande contribuição" intelectual para a humanidade como Rodrigo Constantino e Leandro Narloch.

Bom, o que dizer disso? Nome de partido não quer necessariamente dizer conteúdo, vide os inúmeros exemplos de partidos brasileiros atuais. E mesmo se o socialismo for verdadeiro, pode significar anti-liberalismo, e não necessariamente igualitarismo.

Sobre as políticas keynesianas, elas não são necessariamente de esquerda. As políticas econômicas keynesianas têm dois objetivos. O primeiro é combater recessões causadas por insuficiência de demanda. O segundo é combater a elevada concentração de renda gerada pelo capitalismo. Somente as políticas para atingir esse segundo objetivo são necessariamente de esquerda. Esse tipo de política não foi praticado pelos nazistas. Eles fizeram apenas políticas de fomento à demanda, que podem ser praticadas tanto por governos de esquerda, quanto pelos de direita. Em geral, governos de direita fazem política de demanda através dos gastos militares. Foi o que fizeram os nazistas. Políticas econômicas keynesianas de governos de esquerda ajudam a reduzir a concentração de renda. As políticas econômicas dos nazistas contribuíram para aumentar a concentração de renda da Alemanha entre 1933 e 1939. Houve congelamento de salários e aumento de lucros. O intervencionismo nacional socialista não pareceu o que seria depois a social democracia europeia do imediato pós guerra. Pareceu o que seria o Brasil do Médici. Foi um intervencionismo favorável ao capital, e não ao trabalho. Este artigo (procurar por “Uma interpretação do primeiro milagre econômico alemão 1933-1944”, de Ricardo Feijó), escrito em 2009, descreve bem as políticas econômicas praticadas no Terceiro Reich.

Ainda que as políticas nazistas fossem completamente estatizantes, elas não seriam de esquerda só por causa disso. E, além disso, essas políticas não foram completamente estatizantes. Sim, isso mesmo, houve um programa de privatizações na Alemanha de Hitler. E mais: o aproveitamento do trabalho escravo de prisioneiros em campos de concentração pelos grandes conglomerados alemães é um precursor da privatização dos presídios.

Sobre a retórica anticapitalista, isto não é contraditório com direita, pois direita tem mais a ver com hierarquia e tradição do que com capitalismo. Críticas ao capitalismo não são apenas marxistas. Críticas tradicionalistas ao capitalismo existem desde quando existe capitalismo. Ainda assim, capitalismo acabou combinando bem com hierarquia e tradição. Gostar mais de aristocrata do que de capitalista não é contraditório com defender a manutenção da ordem capitalista. E mesmo com a retórica inicial do partido, houve um relacionamento muito amigável entre capitalistas alemães e nazistas no Terceiro Reich.

O que ajuda muito na compreensão sobre o posicionamento do Nacional Socialismo no espectro político é observar documentos históricos. A matéria da Folha da Manhã do dia 1 de fevereiro de 1933, dia seguinte à chegada do Hitler ao poder, mostra muito bem quem estava a favor e quem estava contra. (Clique para ampliar)


É possível ver perfeitamente que os comunistas e os socialistas (SPD) estavam contra a formação do governo nazista e que o capital financeiro e o ex-kaiser estavam a favor. O SPD e o KPD (Partido Comunista) não endossaram a ascensão de Hitler ao poder, e os partidos conservadores endossaram. O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) nunca obteve maioria absoluta no Parlamento, o apoio de outros conservadores foi fundamental. O político conservador Franz von Papen, chanceler em 1932, participou do início do governo Hitler. Logo em 1933, começaram as prisões de comunistas.

Alguns acreditam que o NSDAP conseguiu atrair ex-comunistas. Não parece que tenham sido muitos. O gráfico a seguir mostra a evolução da votação dos partidos nas eleições parlamentares da República de Weimar.

Verifica-se claramente que a soma da votação na esquerda, composta pelo KPD e pelo SPD, sempre foi estável, oscilando na restrita faixa entre 33% e 40% (o que mudou foi só a composição: em anos de crise, como 1924 e 1932, o KPD foi bem, em ano de prosperidade, que foi 1928, o SPD teve seu melhor desempenho, mas esta informação não é necessária para colocar no gráfico, porque já vai além do assunto do texto, por isso os números dos partidos de esquerda aparecem somados). Um forte declínio da votação dos partidos conservadores convencionais (Centro, Partido Nacional Popular Alemão, Partido Popular da Baviera) foi acompanhado de uma forte elevação da votação dos Partido Nacional Socialista de 1928 a 1932. Ou seja, há forte indício de que o NSDAP herdou eleitores dos outros partidos conservadores.

Os nazistas tinham seu braço anticapitalista, a SA. Mas esta foi deixada de lado por Hitler logo em 1934. E mesmo anticapitalista, a SA também era anticomunista. Durante a República de Weimar, a SA saía na porrada nas ruas contra a Roter Frontkämpferbund, o braço paramilitar do KPD.

Quem fala que os nazistas eram de esquerda gosta também de lembrar o pacto germano soviético de 1939. Mas a verdade é que este pacto não foi ideológico, só foi de conveniência para ambos os lados. Hitler não queria guerra em duas frentes, e além de tudo, precisava de suprimentos de matéria primas, que a União Soviética poderia fornecer. Stálin previa que o pacto seria quebrado, mas considerou-o vantajoso porque haveria um tempo adicional para preparar seus exércitos. Não apenas entre 1941 e 1945, mas também entre 1933 e 1939, a Alemanha Nazista e a União Soviética eram grandes inimigos. A maior evidência disso se viu durante a Guerra Civil Espanhola, em que cada um apoiou um lado. Durante a República de Weimar, que precedeu a era de Hitler, a Alemanha e a União Soviética tinham relações diplomáticas e econômicas razoavelmente boas. 

O comércio entre Alemanha e União Soviética caiu bruscamente a partir de 1933, e só teve um pequeno momento de elevação entre 1939 e 1941. Atualmente, os neonazistas são chamados na Alemanha de rechtsradikale (a tradução é radicais de direita). Eles certamente não gostariam de ser chamados de esquerdistas. Aqui no Brasil, o adolescente que quer mostrar “mamãe, sou radical de direita” ainda não sabe se vai virar neonazista ou se vai rejeitar de boca pra fora o nazismo e dizer que “o nazismo é de esquerda”.

Não apenas os revisionistas são perigosos, como também os moderate heroes. Estes diriam que “Hitler não era de esquerda, mas também não era de direita, o nazismo é complexo demais para ser enquadrado no espectro esquerda/direita”. Opiniões do meio também podem ser mentirosas. O nazismo pode ter sido complexo em algumas coisas, mas não no espectro esquerda/direita. Não há qualquer dificuldade em considerá-lo integrante da direita.

História não é uma ciência exata. Admite interpretações diferentes de fatos. Mas não admite negação de fatos. Quem diz que o Holocausto não existiu ou que Hitler não era de extrema-direita não está tendo uma “opinião”, está simplesmente errado. Acadêmicos sérios não deveriam debater, e sim boicotar quem nega o Holocausto ou quem nega que Hitler era de extrema-direita. Eventos acadêmicos que contam com a presença de pessoas conhecidas por defender estes negacionismos devem ser esvaziados.

Escrevi este texto com o objetivo de ser leitura fácil, para que quem tiver algum parente ou amigo, principalmente jovem, que está começando a se interessar por História, por Política, por Sociologia, por Economia, e soltar o absurdo de que Hitler era de esquerda, envie este texto para esclarecimentos.

Via: Trincheiras 

A preocupação de Hitler com o comunismo e o seu ódio pelo povo judeu

A liderança judaica na Revolução Bolchevique e o início do Regime soviético - por Mark Weber

Institute for Historical Review


Avaliando o sinistro legado do comunismo soviético.

Por Mark Weber

Na noite de 16-17 de julho de 1918, uma esquadra da polícia secreta Bolchevique assassinou o último imperador da Rússia, o Czar Nicolau II, junto com sua esposa, a Czarina Alexandra, seu filho mais velho de 14 anos, o Tsaverich1 Alexis, e suas quatro filhas. Eles foram abatidos numa salva de balas num pequeno espaço de um cômodo da casa em Ecaterimburgo, uma cidade na região dos Montes Urais, onde eles estavam mantidos como prisioneiros. A complementação da execução das filhas foi feita com baionetas. Para prevenir o culto ao Czar morto, os corpos foram descartados para o campo aberto e apressadamente enterrados em um túmulo secreto.

As autoridades Bolcheviques inicialmente relataram que o imperador Romanov tinha sido baleado após a descoberta de um plano para liberar ele. Por algum tempo as mortes da Imperatriz e das crianças foram mantidas em segredo. Historiadores soviéticos alegaram por muitos anos que bolcheviques locais tinham atuado pela própria responsabilidade na matança, e que Lenin, fundador do Estado Soviético, não tinha nada a ver com o crime.

Em 1990, o dramaturgo e historiador Edvard Radzinsky anunciou o resultado de sua detalhada investigação sobre os assassinos. Ele descobriu reminiscências do guarda costa de Lenin, Alexei Akimov, quem recontou como ele pessoalmente transmitiu do escritório de telégrafo a ordem de Lenin para execução. O telegrama foi também assinado pelo chefe do governo soviético Yakov Sverdlov. Akimov tinha salvado a fita do telegrama original como o relato da ordem secreta.

A pesquisa de Radzinsky confirmou o que as evidencias prévias tinham já indicado. Leon Trotsky – um dos mais próximos colegas de Lenin – tinha revelado anos atrás que Lenin e Sverdlov tinham juntos feito a decisão de sentenciar à morte o Czar e a família dele. Relembrando esta conversação em 1918, Trotsky escreveu:

Minha próxima visita para Moscou pegou lugar após [temporária] queda de Ecaterimburgo [para as forças anti-comunistas]. Falando com Sverdlov, eu perguntei em passagem: “Oh sim, e onde está o Czar?”
“Finalizado” ele respondeu. “Ele foi baleado.”
“E onde está a família?”
“A família foi junto com ele.”
“Todos eles?” eu perguntei, aparentemente com um traço de surpresa.
“Todos eles” respondeu Sverdlov. “E então?” Ele estava esperando ver minha reação. Eu não dei nenhuma resposta.
“E quem fez a decisão?” Eu perguntei.
“Nós decidimos isso aqui. Ilyich [Lenin] acreditou que nos não deveríamos deixar os Brancos com algum símbolo para reuni-los, especialmente sobre as difíceis circunstâncias presentes.”

Eu não questionei nada além e considerei a questão encerrada.
Leon Trotsky - o judeu líder do exército soviético (o Exército Vermelho) escreveu: "A decisão [matar a família imperial] não foi somente um expediente rotineiro mas foi necessário."

Recente pesquisa e investigação por Radzinsky e outros, também corroboraram os relatos fornecidos em anos prévios por Robert Wilton, correspondente do London Times na Rússia por 17 anos. Seus relato, The Last Days of the Romanovs – originalmente publicados em 1920, e relançado em 1993 pelo Institute for Historical Review – é baseado em maior parte nos achados de uma detalhada investigação iniciada em 1919 por Nikolai Sokolov sobre a autoridade do Líder “Branco” (anti-Comunista) Alexander Kolchak. O livro de Wilton permanece um dos mais precisos e completos relatos do assassinato da família imperial da Rússia.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Hitler e a repressão ao Partido Comunista da Alemanha


Contradizendo uma minoria que tenta colocar o nazismo como sendo de esquerda, o evento de 8 de março de 1933, quando Hitler aumentou a repressão ao Partido Comunista da Alemanha, cassando os mandatos de seus deputados, prendendo ou perseguindo seus dirigentes e, uma semana depois, proibindo a agremiação, é uma prova incontestável de que essa afirmativa é um grande equívoco.

A tropa de assalto nazista marchou com suas tochas pelo Portão de Brandemburgo em 30 de janeiro de 1933, dia em que Hitler foi nomeado chanceler. Políticos conservadores não acreditavam que ele permanecesse por muito tempo no poder. Mas o homem do uniforme marrom estava obcecado pela conquista do mundo e começou amplas reformas na Alemanha.

Poucos dias depois, no final de fevereiro, o Reichstag (sede do Parlamento) foi destruído por um incêndio, provavelmente um atentado de um anarquista isolado. Os nazistas aproveitaram a situação para impor uma série de medidas repressivas, alegando a "segurança da população".

O ministro Hermann Göring apresentou as novas medidas, voltadas principalmente contra os comunistas, considerados por Hitler mentores do atentado incendiário. A SA (tropa de assalto) começou a sequestrar, torturar, matar e confinar em campos de concentração o mais rápido possível todos os críticos ao regime.

Wilhelm Pieck, membro do Comitê Central, já havia advertido para o perigo nazista em 1932. Num apelo aos seus camaradas, sugeriu a movimentação em massa contra os fascistas e defendeu a aliança com a União Soviética.

Imposição da lei de plenos poderes
No dia 15 de março de 1933, o Partido Comunista Alemão (KPD) foi proibido. Cada vez mais comunistas foram presos, muitos continuaram tentando trabalhar na ilegalidade. O ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, prometeu que não deixaria a perseguição aos opositores apenas ao encargo da polícia.

Como o partido de Hitler havia obtido 44% dos votos nas eleições do começo de março e não possuísse maioria no Parlamento, no final do mesmo mês os nazistas impuseram a lei de plenos poderes. Por decreto, o regime garantiu para si poderes absolutos, proibindo partidos e sindicatos.

Goebbels estava satisfeito com a perseguição aos comunistas, eliminados nos campos de concentração. Seu ódio era tanto que não lhe bastava o desmantelamento da agremiação.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o movimento esquerdista reorganizou-se. Na Alemanha Oriental, comunistas e socialdemocratas criaram o Partido Socialista Unitário. Embora os líderes do partido considerassem esta união uma consequência natural do passado recente, milhares de socialdemocratas rejeitaram a aliança.

Na Alemanha Ocidental, o Partido Comunista foi refundado, mas o KPD voltou a ser proibido em 1956, pelo Tribunal Federal Constitucional. Seus juízes consideraram os ideais marxistas leninistas incompatíveis com os valores democráticos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O grito idiota de “Vai pra Cuba” foi para o espaço com a reaproximação de Obama


por : Kiko Nogueira no DCM

O grito de guerra “Vai pra Cuba” foi ferido de morte na tarde de quarta feira, 17 de dezembro.

Num pronunciamento, Obama anunciou medidas para normalizar as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba mais de 50 anos depois da ruptura.

Parte do acordo incluiu uma troca de prisioneiros: os cubanos libertaram Alan Gross, preso há cinco anos por espionagem, e um agente cujo nome não foi revelado. Os americanos soltaram três cubanos.

“O isolamento não funcionou”, disse Obama. “Está na hora de uma nova abordagem”.

O embargo econômico continua, mas haverá um esforço no sentido de amenizá-lo. Os EUA restabelecerão uma embaixada em Havana. Viagens de americanos serão “flexibilizadas”, o limite de dinheiro enviado sobe de 500 para 2 mil dólares, empresas de telecomunicações poderão se instalar na ilha. Será revisto o status de Cuba como “estado patrocinador do terrorismo”.

No dia do seu aniversário Papa Francisco faz seu primeiro milagre reaproximando EUA de Cuba




Papa teve papel crucial na aproximação

O papa Francisco e o Vaticano tiveram um papel essencial, intermediando a aproximação histórica entre Estados Unidos e Cuba, indicou um funcionário americano de alto escalão. O Papa fez um apelo pessoal a Barack Obama em uma carta enviada neste verão (do Hemisfério Norte) e se comunicou com Raúl Castro em outra correspondência enviada separadamente. Além disso, o Vaticano recebeu delegações de ambos os países para concluir a aproximação.


"Esses 50 anos mostraram que isolamento não funcionou", diz Obama sobre Cuba

Depois de mais de 50 anos de ruptura, os Estados Unidos e Cuba iniciam a retomada de relações diplomáticas, informaram ambos os países nesta quarta-feira (17).

 

O presidente Barack Obama, anuncia
uma mudança na política em relação
a Cuba em discurso na Casa Branca
"Pretendemos criar um novo capítulo nas relações entre os países", disse o presidente norte-americano, Barack Obama, ao abrir o seu discurso.

Ele destacou que a barreira ideológica e econômica entre os dois países, desde 1961, não faz mais sentido, em referência ao regime socialista da ilha. Obama citou que o país "deve se preocupar com ameaças reais, como os grupos extremistas Al Qaeda e Estado Islâmico".

"Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou, é tempo de outra atitude", frisou Obama. No seu discurso, Obama usou expressões em espanhol. "Os cubanos têm um ditado: 'No és facil', ou 'não é fácil', mas hoje os Estados Unidos querem ser um parceiro no sentido de tornar a vida dos cubanos comuns um pouco mais fácil, mais livre, mais próspera", disse. "Todos somos americanos", concluiu em espanhol. 

Ao mesmo tempo em que Obama anunciava a retomada de relações com Cuba, o presidente da ilha, Raúl Castro, falava aos cubanos. Em Havana, o líder destacou que o governo concordou em restabelecer as relações diplomáticas e que havia proposto aos EUA "a adoção de medidas neutras baseadas nas leis cubanas" neste processo.

Castro enfatizou, entretanto, que "há ainda muito trabalho a ser feito". "O embargo continua por enquanto, causando prejuízos enormes ao nosso povo. Isso precisa acabar."

Obama e Castro já haviam conversado mais cedo nesta terça-feira (16) por telefone para discutir os planos da libertação do cidadão norte-americano Alan Gross, um agente de inteligência e de três cubanos presos nos Estados Unidos.

Entre as mudanças previstas, estão o relaxamento no fluxo de comércio, com o aumento do valor de dinheiro que pode ser enviado dos EUA para Cuba, bem como a facilitação de viagens de cidadãos daquele país à ilha. 

Os EUA planejam também abrir uma embaixada em Cuba como parte de seus planos para normalizar as relações com o país de Castro. Obama designou o secretário de Estado, John Kerry, para iniciar negociações imediatas com Cuba.

A suspensão do embargo econômico à ilha dependerá, lembrou Obama, da aprovação do Congresso de seu país. O político pediu que a Casa inicie um debate "honesto" e "sério" sobre o tema. Em 1960, os Estados Unidos impuseram um embargo comercial contra Cuba – o adversário da Guerra Fria mais próximo de sua costa. 

Libertação de presos

Cuba soltou o norte-americano Alan Gross, 65, após cinco anos de prisão. Após ser preso em 3 de dezembro de 2009, o norte-americano foi condenado a 15 anos de prisão em 2011 pelo que o governo cubano descreveu como "ações contra a integridade territorial do Estado". Ele sofre de diabetes e teve suas condições de saúde agravadas com a prisão.

Cuba também está libertando um agente de inteligência norte-americano detido por quase 20 anos.

O governo dos Estados Unidos libertou três agentes de inteligência cubanos, presos desde 1998: Gerardo Hernandez, 49, Antonio Guerrero, 56, e Ramon Labañino, 51. Dois outros foram libertados antes de cumprirem a sentença toda: Rene Gonzalez, 58, e Fernando Gonzalez, 51. No entanto, segundo o "New York Times" apurou com fontes diplomáticas americanas, essa não foi uma "troca de prisioneiros". (Com agências internacionais)

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

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