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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Andre do Prado -Temer agoniza


Por Andre do Prado no Facebook

Notícias relatam a queda de braços entre o governo e sua base aliada política, onde já existe um confronto e divergências. O governo para manter o controle sobre seus aliados usa de retaliação aos que forem infiéis aos planos de aprovação da reforma trabalhista e da previdência. Irá tirar regalias e privilégios dos senadores que não cumprirem com os objetivos do governo na reforma econômica.

Pois bem, estamos há pouco mais de um ano das eleições gerais. Será que não ocorreu ao governo, que tais reformas sem consulta popular e o consentimento dos trabalhadores podem produzir um enorme estrago nas pretensões políticas dos senadores, que certamente terão que concorrer a reeleição???

Uma ação política contra os trabalhadores, a esta altura, seria visível e desastroso para pretensões dos senhores congressistas. Por mais que o governo responda com farpas aos aliados do senado, impondo retaliações aos que votaram contra a reforma trabalhista na comissão, o futuro político desses senadores está em jogo.

Não há mais tempo para apostas dos aliados no futuro e sucesso do governo Temer. A distribuição de cargos teria pouca eficácia ou nenhuma, se perderem as eleições para as cadeiras legislativas. Compreendendo inclusive um grande risco para aqueles que estejam sendo investigados na Lava Jato, onde perderiam o foro privilegiado e se tornariam um cidadão comum, ao se verem réus, com possibilidade de prisão em curto espaço de tempo, sem a retaguarda política que tanto os protegia.


Temer terá que lidar com o tempo, que se esgota. Não creio que consiga alianças a favor das reformas, pois os senadores preferem ser retaliados por um o governo decadente, ao correrem o risco de serem retaliados pelo voto popular. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Balelas sobre países que adotaram políticas conservadoras e “estão bem”

Por Marcelo Fantaccini brito no Trincheiras

Quem lê cadernos de Economia e Negócios dos jornalões ou periódicos especializados certamente se deparou com aquelas histórias de países que implementaram políticas sugeridas por formadores de opinião de direita e que estão tendo elevadas taxas de crescimento do PIB. Essas histórias são contadas como fábulas moralistas, como a da cigarra e das formigas.

Entre as políticas de direita sugeridas estão a redução de impostos e a consequente redução do gasto público, incluindo o social, a “flexibilização” das leis trabalhistas, as privatizações, a independência da autoridade monetária e o investimento em educação voltado ao ensino técnico e às áreas tecnológicas, em detrimento das humanas, e o fim da gratuidade das universidades públicas.

O que se pode dizer deste tipo de texto? Bom, …

1. Em algumas, há o cherry picking de resultados bons. Pega-se o caso de um país que teve políticas de direita, e selecionam-se apenas os resultados bons para mostrar. E às vezes, exageram-se os resultados. Um exemplo disso é o México. É um dos poucos países da América Latina que não entraram na onda populista, como dizem os detratores desta onda, ou na onda progressista, como dizem os defensores. O México, desde 1988, vem tendo ininterruptamente governos neoliberais, sejam do PRI, sejam do PAN. Por isso, essa mencionada imprensa tenta vender o México como um caso de sucesso. Mas nem no PIB isto aconteceu. De 1988 até hoje, o PIB per capita mexicano cresceu aproximadamente 1,5% ao ano. Não é ruim, mas está longe de ser um desempenho espetacular.

2. Em algumas, há o cherry picking de políticas de direita. O Chile, país latino americano com os melhores indicadores econômicos e sociais, é apontado como um modelo de país que teria rejeitado o big government. É feito um cherry picking para ignorar que o Chile só começou a prosperar depois que as políticas radicais dos Chicago Boys aplicadas nos anos 1970 foram abandonadas nos anos 1980. Que o Chile foi pragmático suficiente a ponto de manter um controle de capitais. E que a carga tributária do Chile é apenas aparentemente baixa. Se forem considerados não apenas impostos, mas também a receita da atividade estatal de exploração de cobre, a carga tributária do Chile não é baixa.

3. Muitas vezes, é verdade mesmo. As políticas sugeridas pelas organizações que representam o capital são mesmo responsáveis por taxas mais elevadas de crescimento do PIB e taxas mais baixas de desemprego.

Quer dizer que essas políticas devem ser feitas? Não! Em primeiro lugar, por causa do motivo que mais gente conhece: PIB não é tudo. Se o crescimento é feito de forma concentrada, poucas pessoas se beneficiam. E mesmo se o crescimento por difundido, permitindo todos consumirem mais, não há necessariamente aumento de qualidade de vida. As pessoas podem comprar mais carros, mas morar em cidades mais congestionadas e poluídas. O país pode ter desemprego baixo, mas um emprego muito precário, pior do que a vida com seguro desemprego em outros países.

Mas este texto destaca o segundo motivo pelo qual as políticas de direita não são recomendáveis: se um país implementar individualmente as políticas da direita, sua economia terá vantagem em comparação com a de outros países. Mas se todos os países implementarem as políticas de direita, o resultado não será melhor do que se nenhum implementar. Trata-se de um típico “dilema dos prisioneiros” (quem não está familiarizado com o termo, clique aqui para entender melhor), abordado pela Teoria dos Jogos.

A tabela a seguir mostra um exemplo com dois países, A e B. Cada um deles tem a opção de implementar ou não as políticas de direita. No lado esquerdo dos parênteses, está o ganho obtido pelo país A. No lado direito dos parênteses, está o ganho obtido pelo país B.

País A / País B
Implementa
Não implementa
Implementa
(1,1)
(3,0)
Não implementa
(0,3)
(2,2)

Ou seja, independentemente da decisão do outro país, implementar é vantajoso. Mas se os dois não implementarem, o resultado será melhor do que se implementarem. Esta situação pode até ser ilustrada por uma anedota em que havia dois caipiras andando na roça, quando um deles viu um cocô de vaca no chão e falou “aposta 100 reais que eu como um pouco da merda?”, o outro concordou. O caipira que propôs cumpriu a promessa e ganhou 100 reais. O outro, para não ficar no prejuízo, propôs a mesma aposta, cumpriu e ganhou os 100 reais de volta. Aí um deles concluiu “cê repareu que comemos merda de graça?”.

Como isto ocorre na prática?

Se um país cobra impostos muito elevados dos ricos, eles se mudam para outro país. Se um país deseja manter uma grande rede de proteção social, necessita de impostos. E se não pode cobrar impostos altos de renda e patrimônio pelo motivo anteriormente mencionado, tem que optar pelo imposto sobre circulação de mercadorias. Aí surge outro problema: encarece seus produtos em comparação com os estrangeiros. Se um país tem sindicatos fortes e uma legislação que protege muito os trabalhadores, as empresas procuram investir em outro país. Além disso, os custos mais altos do trabalho gerados também encarecem seus produtos em comparação com os estrangeiros. O mesmo ocorre se um país tem uma legislação ambiental muito rígida. E se um país oferece vagas gratuitas nas universidades, suas universidades serão mais pobres e não se posicionarão muito bem em rankings internacionais. Se um país investe dinheiro em ciências sociais e filosofia, fica tecnologicamente “para trás” em comparação com o país que investe mais em engenharias e em ensino técnico.

O que ocorreria se o mundo tivesse um único governo? Cobrar uma alíquota marginal de imposto de renda próxima de 100% para rendas muito elevadas continuaria sendo problemático porque desestimularia a geração de renda e a poupança. Mas uma alíquota marginal de 70% para rendas anuais superiores a um milhão de dólares seria perfeitamente possível. Os países desenvolvidos têm alíquota marginal máxima de imposto de renda por volta de 45%. Países são desestimulados a individualmente elevar a alíquota máxima de imposto de renda para mais de 50% não pelo risco desestimular o trabalho dos milionários, mas sim pelo risco de gerar êxodo de milionários. O progresso técnico, com o decorrente aumento de produtividade, permitiria diminuir a jornada de trabalho. Seria o lema “trabalhar menos para todos trabalharem”. Mas o que ocorre é que quando um país tenta individualmente reduzir a jornada para um patamar inferior ao de 40 horas semanais, o desemprego aumenta ao invés de diminuir, porque o custo do trabalho se torna maior. É difícil para um país individualmente utilizar políticas fiscal e monetária expansionistas para combater uma recessão, porque grande parte da demanda estimulada é direcionada para produtos importados. Quando líderes socialistas chegam ao poder, como ocorreu na França em 2012 e na Grécia em 2015, eles são obrigados a recuar, porque não têm margem para fazer políticas progressistas sozinhos. Há uma guerra fiscal internacional, uma race to the bottom. O “socialismo em um só país” é difícil de ser implementado não apenas em sua versão marxista-leninista, mas até mesmo em sua versão social democrata, como se pode ver na França, na Grécia e até mesmo no Brasil.

Se houvesse um único governo, não haveria a competição entre governos para precarizar seus mercados de trabalho nacionais, visando atrair empresas através do custo baixo do trabalho, e colocar mercadorias baratas no mercado mundial. O mesmo se aplica para legislação ambiental. Se não houvesse a competição internacional, o investimento em ensino superior poderia ser balanceado entre os objetivos de tornar a sociedade mais culta, aumentar a tecnologia, tornar o ensino acessível a quem estivesse mais interessado e dedicado, independente de origem social. O investimento poderia ser balanceado entre tecnologia, ciências naturais e ciências sociais. Com a competição internacional, os países preferem dar enfoque à tecnologia, ao conhecimento aplicado naquilo que pode virar novos produtos comercializáveis e novos processos produtivos, em detrimento da pesquisa básica em ciências naturais, e das ciências sociais. Progresso tecnológico é muito bom. Mas é questionável os governos alegarem que não podem investir muito em sociologia, antropologia, história e filosofia porque precisa aplicar os recursos escassos em áreas que permitam produzir telefones celulares e lap tops cada vez mais sofisticados. Não precisamos de toda essa sofisticação. O lap top que estou usando para escrever este texto não é de última geração, e mesmo se fosse mais antiquado do que realmente é, seria útil para esta tarefa do mesmo jeito. Mas nós não podemos ficar para trás em tecnologia…

A mistificação das políticas de direita ganhou força com a contra-revolução conservadora que ocorreu na década de 1980 no Reino Unido, com Margaret Thatcher, e nos Estados Unidos, com Ronald Reagan. Outros países desenvolvidos também tiveram governos de direita no período, mas as mudanças não foram impactantes. As duas potências anglo-saxãs tinham, no imediato pós-guerra (1945-1980), alíquotas superiores de imposto de renda maiores do que as dos países europeus continentais. A concentração de renda dos Estados Unidos e do Reino Unido era semelhante à da França e da República Federal da Alemanha. Depois da guinada da década de 1980, os Estados Unidos e o Reino Unido passaram a ter alíquota máxima de imposto de renda inferior à dos países europeus continentais, mesmo tendo a destes decrescido também. Os anglo-saxões também tiveram crescimento da concentração de renda, enquanto esta variável permaneceu razoavelmente estável na Europa Continental. O Reino Unido ainda fez um grande programa de privatizações. Os Estados Unidos já não tinham muito o que privatizar. Entre 1945 e 1980, os Estados Unidos e o Reino Unido tinham as mais baixas taxas de crescimento do PIB entre os países desenvolvidos. A partir de 1980, passaram a ter taxas de crescimento do PIB acima da média dos países desenvolvidos. A guinada conservadora foi vista por alguns como a responsável pela recuperação do mundo anglo-saxão.

Mas isto deve ser visto com cautela. Os Estados Unidos tiveram taxas de crescimento do PIB mais elevadas, mas também tiveram crescimento populacional mais elevado. Considerando o PIB per capita, os Estados Unidos tiveram entre 1980 e 2014 um crescimento anual médio de 1,7%. O Reino Unido, teve 1,9%. A França teve 1,3%, A Itália teve 0,9%. A Alemanha teve 1,5%. A Suécia teve 1,7%. A Finlândia teve 1,6%. Ou seja, a diferença de crescimento dos anglo-saxões com alguns europeus continentais nem tão grande assim foram. E parte do crescimento superior dos anglo-saxões foi causada por crescimento do número de horas trabalhadas, e não por crescimento de produtividade. Ou seja, a população aumenta o consumo, mas também aumenta o trabalho. Ganha qualidade de vida por um lado, mas perde em outro.

Mas ainda assim, continua sendo verdade a afirmação de que antes da contra-revolução conservadora, os Estados Unidos e o Reino Unido tinham taxas de crescimento do PIB per capita inferiores à da média dos países desenvolvidos, e depois passaram a ter taxas superiores. Porém, os dois anglo-saxões não tiveram taxas de crescimento superiores depois de 1980 do que antes dessa data. Foram os outros países desenvolvidos que tiveram declínio do crescimento.

Na América Latina, os good boys dos conservadores são o México, a Colômbia, o Peru e o Chile. Os problemas de mencionar o México e o Chile já foram mencionados no início do texto. As monarquias árabes são as favoritas dos conservadores. Na Europa da década de 2000, a Alemanha entrou na onda conservadora, primeiro com o social democrata Gehrard Schröder e depois com a democrata cristã Angela Merkel. Houve uma política de austeridade fiscal, mantida mesmo com inflação próxima de zero, e políticas deliberadas para reduzir salários. O resultado é que o desemprego caiu e o PIB, estagnado nos anos 1990, voltou a crescer. Isto ocorreu em detrimento de países do sul da Europa, que tiveram que passar por recessão muito grande para poder ter custos baixos de trabalho iguais aos da Alemanha. Mesmo para a Alemanha, é possível criticar estes “efeitos positivos”. O desemprego foi trocado por emprego pouco protegido para alguns trabalhadores. A concentração de renda na Alemanha, que já foi uma das mais baixas do mundo, vem aumentando.

Entre 1945 e 1980, os países desenvolvidos tiveram políticas que hoje seriam consideradas de esquerda, mas que naquele tempo em que o capitalismo precisava mostrar que poderia ser melhor para os trabalhadores do que o comunismo, tanto esquerda, quanto direita aceitavam. Entre estas políticas, se incluem a elevação do salário mínimo acompanhando a elevação da produtividade, a elevada taxa de sindicalização, o controle do fluxo de capitais, o uso de políticas anticíclicas de estabilização, e um elevado imposto de renda para os muito ricos. E foi o período em que os países desenvolvidos tiveram o maior crescimento do PIB per capita de sua história. Não é possível atribuir tudo à reconstrução do pós-guerra, porque este crescimento elevado prosseguiu para além do tempo da reconstrução. Só terminou em 1974, com o primeiro choque do petróleo. Foi possível conciliar crescimento acelerado com políticas não concentradoras de renda, porque todos os países fizeram isso junto.

Como resolver este problema e tornar possível ocorrer novamente no mundo o que ocorreu com os países desenvolvidos entre 1945 e 1973? Como parar de comer cocô de graça?

Um governo mundial seria uma ideia irrealista. Mas poderíamos pensar em uma coordenação internacional para implementar políticas progressistas. Se já existe coordenação para diminuir barreiras comerciais, via OMC e acordos regionais, poderia haver uma coordenação para ser criado um piso de imposto de renda. Poderia ser combinado, por exemplo, que nenhum país poderia ter alíquota marginal de imposto de renda menor do que 60% para rendas superiores a dois milhões de dólares por ano. Assim, seria impossível os milionários procurarem país que cobra imposto baixo. Poderia haver um piso de legislação trabalhista. Nenhum país poderia ter um mercado de trabalho mais “flexível” do que o permitido pelo piso. Assim, as empresas não poderiam mais procurar países com mercado de trabalho mais precário. O mesmo valeria para legislação ambiental. Em caso de desaceleração econômica mundial, poderiam ser feitas políticas expansionistas coordenadas, uma vez que políticas expansionistas individuais, como ocorreram no Brasil entre 2010 e 2014, são inócuas. Desde 2008, o mundo tem superprodução industrial e falta de demanda para o que é produzido.

Observação: mesmo eu tendo concordado que com uma economia global e com estados nacionais agindo sem coordenação, políticas conservadoras podem sim ser melhores para o crescimento, mais uma ressalva, além das apresentadas no texto, deve ser feita. O Brasil tem uma economia patinando há seis anos. É comum ver na grande mídia os pundits dizerem que isto ocorre porque o Brasil é um país social democrata demais. Isto é cherry picking. É verdade que o Brasil tem um gasto em educação, saúde, previdência e transferência de renda como proporção do PIB maior do que o de países com PIB per capita semelhante. Mas o Brasil também tem um sistema tributário composto em sua maior parte por impostos sobre consumo, que pesam mais no bolso do pobre, como os conservadores desejam. A alíquota marginal máxima de imposto de renda de pessoa física, de 27,5%, é uma das mais baixas do mundo, inferior não apenas à de países desenvolvidos, como inferior à do Chile também. O salário mínimo do Brasil é bem menor do que o salário médio, ou seja, há pouca regulação governamental sobre fixação de salários. O atual salário mínimo brasileiro equivale a aproximadamente um euro por hora. O atual salário mínimo francês é de onze euros por hora. E a França tem PIB per capita que é apenas três vezes o do Brasil. Uma parcela não desprezível dos brasileiros utiliza serviços privados de educação e saúde (o autor deste texto inclusive). O Imposto de Renda até incentiva. Em poucas palavras: o Brasil tem muitas coisas que conservadores gostam, e mesmo assim não tem economia bombando.

O Brasil não é para principiantes

Por Wesley Sousa no Trincheiras

Saiu a notícia que Lula “era o comandante máximo” do esquema da Lava-Jato.
É ‘óbvio’ isso, mas não por ser verídico, aliás. Honestamente, as pessoas andam tendo uma visão baseada no “senso comum” (ler Gramsci). Houve um tempo onde o termo “senso comum” era justamente o oposto do que é hoje. Senso Comum era aquilo que tinha evidências científicas, aquilo que faz parte do conhecimento dos fatos.

Hoje, senso comum se tornou o terceiro modo do conhecimento, definido por Espinosa como conhecimento por “ouvir dizer”. Ou seja, senso comum é o que se ouve no bar, no jantar em família e na Globo. A mídia é o aparato de manipulação do povo para que um grupo político se mantenha no status quo e desmoralizando aquilo que é ‘inimigo’ (ler Noam Chomsky).

Outra coisa, e, talvez a mais fundamental, seja o fato do pensamento maquiavélico estar bem atual: o que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder, não importando como. Assim, para se alcançar um objetivo (o poder e sua manutenção) vale utilizar-se de qualquer método – até mesmo praticando golpe de Estado via Parlamento.

Dizemos que Maquiavel é o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos “como realmente são” e não mais “como deveriam ser”. Ou seja; ao contrário de Hannah Arendt, a questão da moralidade na política é apenas caricata. Hannah Arendt dizia que quando alguém está no poder é porque tem a autorização do grupo para falar em seu nome. Ledo engano. Mas uma coisa ela acertou: Direito [Justiça] é na verdade um complexo fenômeno de relações sociais, políticas, econômicas e culturais. O Direito é comunicação, é fetiche, é sentimento, é proibição, é coação, é instrumento de mando. Entretanto, eu complemento: aparelhado ao poder político, a moralidade pouco importa, e é nisso que Maquiavel está à frente de Arendt.

A prisão de Lula já foi sacramentada, só faltam inventar o crime. Mas por que? Para dar o golpe de misericórdia na ala progressista brasileira (já que a mídia implementou a ideia no povo sendo ele a figura maior desta). Não importa a moral ou a Justiça, pedir a cabeça dele é aliviar os maquiavélicos que estão no poder.

Trata-se, portanto, mais que uma alerta sobre as arbitrariedades das instituições brasileiras considerando as inconsistências da peça acusatória. A esquerda precisa se reorganizar, e o quanto antes.

Como disse Tom Jobim: “O Brasil não é para principiantes”.

O fracasso de uma ortodoxia asfixiante

Por Wesley Sousa

O texto abaixo tem como referência o Capítulo 19 do livro  “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, de J. Maynard Keynes, que era economista britânico.

Há uma crença bem comum de que a redução dos salários pode reduzir o nível de desemprego porque “reduz os custos de produção”, aumentando o lucro (e sua taxa) e, portanto, “incentivando” a criação de empregos (sic) – é a crença de muitos empresários, inclusive.

Os adeptos dessa crença negligenciam o efeito da redução de salários sobre a demanda agregada. Lembrem-se: numa economia capitalista, um agente produz se acha que vai vender (lucrativamente); cada capitalista emprega trabalhadores a mais se crê que poderá vender o produto adicional por (pelo menos) um preço básico de oferta – isto é, ele emprega trabalhadores a mais se houver demanda para o produto adicional.

Assim, uma redução dos salários só poderá fazer cair o nível de desemprego se sua queda for menor do que a queda na demanda agregada. Empresários que, frente à queda dos próprios custos salariais, resolverem aumentar o nível de produção terão péssimas surpresas se seu mercado consumidor consistia justamente em trabalhadores cuja renda agora, por ser menor, coage-lhes a priorizar a compra de outros produtos.

Essa discussão, aliás, leva a outra: o governo pode aumentar o nível de emprego através de políticas de estímulo à demanda agregada, como o investimento público – o qual, ao aumentar o consumo, levaria ao aumento do investimento privado para que haja o ajuste entre demanda e capacidade de produção (o que levaria a um ainda mais baixo nível de desemprego e/ou uma subida nos salários pelo aumento do poder de barganha dos trabalhadores). É esse um dos motivos de a PEC 241 – cuja aprovação é, para Michel Temer, questão de urgência – ser tão espúria: ao congelar os gastos públicos por 20 anos, ela inibe a capacidade do Estado de estimular o aumento do nível de produto e de emprego através da política fiscal.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Uma breve história do movimento progressista


Por Andrew Syrios* no  ILvMB
Os progressistas têm um jeito com as palavras que chega a ser realmente impressionante.  Talvez tudo tenha começado quando eles roubaram, nos EUA, o termo 'liberal' dos libertários.  Desde então, a coisa virou uma bola de neve e saiu totalmente de controle. 

De "justiça social" a "pró-escolha" (exceto quando a escolha se refere a armas ou lâmpadas incandescentes), passando por vários "ismos" criados pejorativamente para rotular seus opositores, os progressistas são especialistas em tais feitos linguísticos.  E embora os conservadores e até mesmo os libertários também, e infelizmente, utilizem várias frases triviais em vez de argumentos sólidos, os progressistas são os campeões invictos neste quesito.  A melhor prova disso é o próprio termo progressista que eles utilizam tão excessivamente: quando se referem a uma medida que apoiam, tal medida é progressista; quando se opõem a algo, tal medida é reacionária.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eliane passa recibo em relação à blogosfera


Colunista Eliane Cantanhêde ironiza encontro do ministro Gilberto Carvalho com blogueiros, em que ele apontou má vontade da imprensa em relação à Copa de 2014; "tá virando moda isso", disse Eliane, em seu comentário na Globonews, antes de ressaltar que também havia ali "jornalistas de verdade"; Carvalho, no entanto, fez questão de enfatizar seu ponto de vista em relação à imprensa: “Tenho certeza de que há sonegação de informação"

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Funcionários públicos, a corrupção e a ineficiência transformadas em arte.


Quem já precisou ir a uma repartição pública por qualquer motivo, já se deparou com funcionários mal humorados, mal educados e que mesmo vendo um acúmulo enorme de pessoas insistem em achá-las invisíveis e simplesmente ignorar a sua presença.

Os funcionários públicos no Brasil gozam de um privilégio concedido a poucos mortais em idade produtiva: A estabilidade no emprego.

Essa estabilidade foi criada como forma de isentar o bom profissional das pressões políticas e de chefes mal intencionados que pudessem usar seus cargos de chefia com fins políticos. Mas, na prática, a estabilidade acabou criando uma classe profissional dominada pelo anacronismo, pela corrupção e pela ineficiência. A primeira coisa com a qual você se depara numa repartição pública dominada por esses “profissionais” que usam da estabilidade como mero poleiro para aguardar a aposentadoria e resguardar a sua incompetência da dureza do mercado de trabalho competitivo e selecionado do mundo real; é uma famosa placa ou folha de papel contendo uma lei que tornou crime reclamar de forma mais veemente do descaso a que é submetido.

E antes que você leitor, funcionário público, me amaldiçoe até a última geração; saiba que quem diz essas coisas são seus próprios colegas funcionários públicos. Numa pesquisa realizada pela universidade de Brasília, com servidores de vários estados brasileiros e da União a pedido da Comissão de Ética da Presidência; um em cada cinco funcionários admitiu que exige propinas para cumprir o seu dever mesmo que saibam que o requerente está no seu direito e não cometeu erro ou crime algum. 

Só cerca de 51% dos funcionários públicos se acham éticos e mais de 11% desprezam sua função. Quase 30% acham que o servidor público está se lixando para o público que atende e mais de 55% se consideram amadores ou semiprofissionais. Quase 40% são funcionários públicos graças a pistolões e padrinhos políticos e menos da metade se considera preparada para a função que exerce. Veja as bases e os objetivos da pesquisa aqui. A fonte dos dados foi o site G1.

O Brasil já foi conhecido como a “República do Paletó” e diversos personagens humorístico nasceram e desapareceram ao longo dos anos com o mesmo tema: O funcionário público ineficiente.

Uma realidade que só mudará com o final da estabilidade e a regulação das atividades do funcionalismo público pelo mercado e pela competência individual. É claro que o funcionário deve ser protegido da sanha dos políticos e dos capachos que se aproveitam de posições de comando para rechear as repartições com apadrinhados políticos. A demissão do funcionário público incompetente e sem talento deveria ser demitido como base em seu histórico, em reclamações comprovadas e após a avaliação por uma comissão especialmente criada e mantida para isso. Desta forma, haveria a proteção contra as pressões políticas e se baniria, de uma vez por todas, os parasitas e os acomodados que acham que o serviço público é apenas uma forma de aguardar pacificamente a aposentadoria e abocanhar uma ou outra “oportunidade de ouro” que aparecer.

O funcionalismo público brasileiro deve ser valorizado e depurado. E esta pesquisa mostra claramente que a coisa vai de mal a pior e que, se nada for feito, muito em breve uma legião de parasitas tomará conta das repartições e lançará nosso país num caos administrativo jamais visto.

Via Visao Panoramica

terça-feira, 14 de maio de 2013

O investimento em campanhas eleitorais e seu retorno ..



Um dos fatores que mais contribuem para a instalação e manutenção da corrupção na política deste país deve ser atribuída à relação de promiscuidade existente entre os poderes econômico e político. E, corroborando de forma singular para a efetividade e impunidade dessa corrupção está a postura de nossa imprensa, que trata de forma obscura e com viés despolitizante este problema sistêmico.

Bons exemplos deste mal podem ser conferidos nos levantamentos feitos pela Consultoria Legislativa da Câmara e publicados no seu site, onde, os números mostram que mais de 70% dos deputados eleitos em 2012 não por acaso foram os que tiveram os maiores gastos com suas campanhas. E também não por acaso a doação das verbas para estes custos são atribuídos a empresários do setor privado, que certamente as fazem como investimento, e não como meras doações.       

Os reflexos desses “investimentos“ feitos normalmente por empresários de grandes construtoras podem ser nitidamente observados no superfaturamento da maioria das obras públicas. Já virou regra, as empresas vencedoras das licitações de obras custeadas com verba pública são sempre aquelas que “investiram” em forma de doações no período das campanhas eleitorais.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Mensalão: Interpretando a interpretação Meritíssima



Viramos mais uma página da nossa rica história, já contávamos com o (ac/dc), e agora temos também o (ajb/djb).

Por Dag Vulpi em 08/12/2012

Se a vinda do Cristo mudou a vida espiritual do povo, mostrando e diferenciando os caminhos certos dos errados, e ensinando que o bom é recompensado pela glória no paraíso, enquanto o mau perecerá eternamente no inferno, passamos para outra fase da história. 

Guardadas as devidas proporções, a vinda do Joaquim também nos trouxe ensinamentos. Agora sabemos e podemos cobrar, pois todo aquele que não respeitar as Leis dos homens serão severamente punidos. 

Até esse ponto parece não haver novidades, e não há mesmo, as mudanças maiores que devemos agradecer ao Joaquim é a interpretação das Leis em sua plenitude. E a garantia de que, a partir desse evento do “mensalão” todo erro cometido na coisa publica,  deverá haver culpados e condenados, isso é certo, nem que para isso seja necessário fatiar as interpretações e importar teorias germânicas. O imprescindível sempre será a soberania da justiça. 

A interpretação “lógica”, e que conta com o aval de grande parcela do povo é que: “o culpado maior é o chefe”, pouco importa se sua participação foi direta ou indireta, ou até mesmo se ele participou ou não do ilícito.  

Pior será para o réu desavisado, caso ele abra a boca para exprimir que desconhecia os fatos, aí que “lascou tudo” pro lado dele, melhor seria calar-se, pois, não saber de nada será a maior prova para a sua condenação.

Alguns podem até achar que isso seja uma injustiça, mas precisamos analisar o seguinte: É o chefe que orienta os seus subordinados, é ele que traça as diretrizes de acordo com sua cartilha, e, caso algum de seus subalternos tiver um desvio de conduta, será o chefe quem deverá tomar as providencias cabíveis. Caso ele não as tome, quem fará isso será o chefe do chefe.

Todas esse imbróglio de chefes que não usam cartilhas para os seus subalternos, desvios de condutas, gato que comeu o peixe no cesto, e coisa e tal, caiu no colo do matraqueado Joaquim, e ai foi só ele correr para o abraço. E, de uma só cajadada, no caso, a  Teoria do Domínio do fato colocou aquelas lebres que pareciam fora do alcance no seu açafate.

Esse processo teve um valor inestimável para a nossa nação, agora sabemos que, por exemplo, se o nosso sistema penitenciário está essa jeremiada, a culpa não é somente dos carcereiros ou dos delegados, esses são simples subordinados, o culpado está bem lá encima, na ponta da pirâmide do judiciário. Isso mesmo Sr Joaquim, o Sr. tem domínio sobre esse fato! E o que o Senhor vai fazer? Vai se alto - condenar por negligenciar tamanho descaso com cidadãos brasileiros? Ou pretende como rola na rede se lançar candidato à presidência da República em 2014.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Como se manipula a informação

Não é de hoje que vários pensadores sérios estudam o mecanismo da manipulação da informação na mídia de mercado. Um deles, o linguista Noam Chomsky, relacionou dez estratégias sobre o tema. Confira meu artigo sobre esse tema, intitulado: “A mídia molda a opinião pública e o chicote o asno”.

Na verdade, Chomsky elaborou um verdadeiro tratado que deve ser analisado por todos (jornalistas ou não) os interessados no tema tão em voga nos dias de hoje em função da importância adquirida pelos meios de comunicação na batalha diária de “fazer cabeças”.

Vale a pena transcrever o quinto tópico elaborado e que remete tranquilamente a um telejornal brasileiro de grande audiência e em especial ao apresentador.

O tópico assinala que o apresentador deve “dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade ou deficientes mentais. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil”.

E prossegue Chomsky indagando o motivo da estratégia. Ele mesmo responde: “se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, por razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos”.

Alguém pode estar imaginando que Chomsky se inspirou em William Bonner, o apresentador do Jornal Nacional que utiliza exatamente a mesma estratégia assinalada pelo linguista.

Mas não necessariamente, até porque em outros países existem figuras como Bonner, que são colocados na função para fazerem exatamente o que fazem, ajudando a aprofundar o esquema do pensamento único e da infantilização do telespectador.

De qualquer forma, o que diz Chomsky remete a artigo escrito há tempos pelo professor Laurindo Leal Filho depois de ter participado de uma visita, juntamente com outros professores universitários, a uma reunião de pauta do Jornal Nacional comandada por Bonner.

Laurindo informava então que na ocasião Bonner dissera que em pesquisa realizada pela TV Globo foi identificado o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se, segundo Bonner, que “ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como o BNDES, por exemplo. Na redação o personagem foi apelidado de Homer Simpson, um simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão do mundo”.

E prossegue o artigo observando que Homer Simpson “é pai de família, adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja, é preguiçoso e tem o raciocínio lento”.

Para perplexidade dos professores que visitavam a redação de jornalismo da TV Globo, Bonner passou então a se referir da seguinte forma ao vetar esta ou aquela reportagem: “essa o Hommer não vai entender” e assim sucessivamente.

A tal reunião de pauta do Jornal Nacional aconteceu no final do ano de 2005. O comentário de Noam Chomsky é talvez mais recente. É possível que o linguista estadunidense não conheça o informe elaborado por Laurindo Leal Filho, até porque depois de sete anos caiu no esquecimento. Mas como se trata de um artigo histórico, que marcou época, é pertinente relembrá-lo.

De lá para cá o Jornal Nacional praticamente não mudou de estratégia e nem de editor-chefe. Continua manipulando a informação, como aconteceu recentemente em matéria sobre o desmatamento na Amazônia, elaborada exatamente para indispor a opinião pública contra os assentados.

Dizia a matéria que os assentamentos são responsáveis pelo desmatamento na região Amazônica, mas simplesmente omitiu o fato segundo o qual o desmatamento não é produzido pelos assentados e sim por grupos de madeireiros com atuação ilegal.

Bonner certamente orientou a matéria com o visível objetivo de levar o telespectador a se colocar contra a reforma agrária, já que, na concepção manipulada da TV Globo, os assentados violentam o meio ambiente.

Em suma: assim caminha o jornalismo da TV Globo. Quando questionado, a resposta dos editores é acusar os críticos de defenderem a censura. Um argumento que não se sustenta.

A propósito, o jornal O Globo está de marcação cerrada contra o governo de Rafael Correa, do Equador, acusando-o de restringir a liberdade de imprensa. A matéria mais recente, em tom crítico, citava como exemplo a não renovação da concessão de algumas emissoras de rádio que não teriam cumprido determinações do contrato.

As Organizações Globo e demais mídias filiadas à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) raciocinam como se os canais de rádio e de televisão fossem propriedade particular e não concessões públicas com normas e procedimentos a serem respeitados.

Em outros termos: para o patronato associado à SIP quem manda são os proprietários, que podem fazer o que quiserem e bem entenderem sem obrigações contratuais.

No momento em que o Estado fiscaliza e cobra procedimentos, os proprietários de veículos eletrônicos de comunicação saem em campo para denunciar o que consideram restrição à liberdade de imprensa.

Os governos do Equador, Venezuela, Bolívia e Argentina estão no índex do baronato midiático exatamente porque cobram obrigações contratuais. Quando emissoras irregulares não têm as concessões renovadas, a chiadeira do patronato é ampla, geral e irrestrita.

Da mesma forma que O Globo no Rio de Janeiro, Clarin na Argentina, El Mercurio no Chile e outros editam matérias com o mesmo teor, como se fossem extraídas de uma mesma matriz midiática.

Por Mário Augusto Jakobskind

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