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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

O Maestro da Desinformação: Joseph Goebbels e Sua Nefasta Influência no Brasil Atual


Dag Vulpi

O legado sombrio de Joseph Goebbels ressoa até os dias atuais, destacando as trágicas consequências da propagação de falsas informações. A maestria do ministro da propaganda de Hitler em manipular a verdade deixou um legado sinistro, alertando sobre os perigos inerentes à disseminação irresponsável de narrativas distorcidas.
No turbilhão da história, o nome de Goebel ressoa como um sinistro maestro da desinformação, conduzindo uma orquestra de falsidades que reverberaram na sociedade de sua época. Sua prática refinada de difusão de informações distorcidas moldou uma narrativa tóxica que envenenou mentes e corroeu os alicerces da verdade.
No coração de uma era tumultuada, Goebel emergiu como um arquiteto sinistro, habilmente tecendo teias de mentiras para manipular a opinião pública. Seu legado sombrio serve como um lembrete alarmante dos perigos intrínsecos à disseminação irresponsável de informações falsas e da influência devastadora que pode exercer sobre uma sociedade vulnerável.
Em um mundo envolto nas sombras da Segunda Guerra Mundial, a prática maquiavélica de Goebel transcendeu as fronteiras do jornalismo distorcido, transformando-se em uma arma poderosa na guerra psicológica. Sua mestria na manipulação de informações, habilmente misturando verdades com mentiras, criou uma realidade alternativa que serviu aos interesses de uma ideologia nefasta.
Goebel, dotado de um entendimento afiado da psicologia humana, explorou as vulnerabilidades emocionais de uma sociedade traumatizada. Seus artifícios retóricos e estratégias de propaganda desonesta visavam não apenas enganar, mas também incutir dúvidas e semear a desconfiança nas mentes dos cidadãos.
A disseminação de notícias falsas, cuidadosamente projetada por Goebel, não foi apenas um ataque à verdade objetiva, mas uma investida direta contra a integridade da sociedade. À medida que suas mentiras se espalhavam como um vírus insidioso, a confiança nas instituições erodiu, pavimentando o caminho para o caos.
O legado de Goebel permanece como um lembrete sombrio da fragilidade da verdade em tempos de crise e da necessidade imperativa de discernimento crítico. Sua história serve como um eco do passado, alertando as gerações futuras sobre os perigos inerentes à manipulação da informação e as consequências devastadoras que podem surgir quando a sociedade sucumbe ao canto enganador de falsas narrativas.
Na era tumultuada em que Goebbels emergiu como um arquiteto sinistro, habilmente tecendo teias de mentiras para manipular a opinião pública, encontramos ecos preocupantes nos tempos atuais do Brasil. O fenômeno do Bolsonarismo e sua disseminação de informações falsas, notadamente pelo que ficou conhecido como "gabinete do ódio", espelham uma estratégia semelhante de manipulação e divisão na sociedade brasileira. Como Goebbels, os propagadores modernos buscam controlar narrativas, criando um terreno fértil para a polarização e a desconfiança, deixando marcas profundas na coesão social.

sábado, 2 de dezembro de 2023

A criação do Estado de Israel, as origens dos problemas na Faixa de Gaza e a transferência do ônus

 


Após o Holocausto na Europa, a comunidade internacional, em colaboração com a ONU, estabeleceu dividir a Palestina, criando o Estado de Israel como um refúgio para os sobreviventes do antissemitismo. No entanto, essa decisão, embora tenha resolvido a questão europeia, acabou transferindo os conflitos para a Palestina, em especial para a Faixa de Gaza. Isto é, a Europa solucionou seu problema, mas, injustamente, impôs as consequências sobre a Palestina, um país que não tinha relação com o Holocausto. É importante considerar que o nazismo surgiu na Europa, em particular na Alemanha.


Minha opinião: Poderia a ONU, em vez de criar Israel na Palestina, ter considerado uma divisão da Alemanha para acolher os judeus vítimas do nazismo!


Dag Vulpi - para uma melhor compreensão do imbróglio envolvendo palestinos, judeus, Hamas e a faixa de Gaza, sugiro a leitura da íntegra do texto abaixo. (A matéria é do excelente site: Brasil Escola. Com o link disponibilizado no fim da postagem que segue).


"A criação do Estado de Israel se concretizou em 1948 por intermédio da ONU. Isso causou problemas entre israelenses e palestinos que existem até hoje.


A criação do Estado de Israel aconteceu no dia 14 de maio de 1948, por intermédio da Organização das Nações Unidas, como parte da divisão da Palestina que essa organização estabeleceu. O Estado de Israel surgiu a partir de décadas de lobby e de campanhas imigratórias promovidas pelos defensores do sionismo.


O sionismo, por sua vez, é um movimento que defendia a criação de um Estado judeu na Palestina como solução ao antissemitismo na Europa. A criação de Israel estabeleceu um conflito com os palestinos árabes que se estende até hoje. Atualmente, os palestinos não possuem um Estado nacional nem têm seus territórios delimitados.


A criação do Estado de Israel foi oficializada em 14 de maio de 1948.


O Estado de Israel foi criado graças à proposta da ONU de dividir o território da Palestina em duas nações: Israel e Palestina.


O Estado de Israel surgiu em decorrência do movimento sionista, surgido em defesa da ideia de estabelecer um Estado judaico na Palestina.


A fundação do Estado de Israel levou a inúmeros conflitos entre israelenses, palestinos e outros povos árabes.


Atualmente, muitos consideram que os palestinos vivem em um regime de apartheid, pois são tratados como cidadãos de segunda categoria, não possuem um Estado nacional nem um território estabelecido.


Contexto histórico da criação do Estado de Israel


A criação do Estado de Israel se oficializou em 14 de maio de 1948, quando o governo israelense proclamou a fundação do país. A criação do moderno Estado de Israel, na década de 1940, acabou sendo resultado do contexto de perseguição que os judeus viveram na Europa por causa dos nazistas.


As condições políticas permitiram a criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, a criação do Estado de Israel era uma questão que atravessava a diplomacia internacional e agitava a Palestina desde o começo do século XX. Os primeiros debates sobre a criação desse Estado se estabeleceram já na última década do século XIX.


Sionismo


A criação do Estado de Israel passa diretamente pelo sionismo, um movimento nacionalista judeu que se consolidou na década de 1890. O sionismo surgiu em 1896 depois da publicação de um livro por um jornalista judeu húngaro chamado Theodor Herzl. O livro, chamado O Estado Judeu, sugeria a criação de um Estado Nacional para abrigar os judeus da Europa.


A partir daí se consolidou esse movimento de nome sionismo, cujo objetivo era criar um Estado Nacional exclusivo para os judeus. Esse movimento é entendido como um movimento nacionalista que se estabeleceu como uma resposta judaica ao crescimento do antissemitismo no continente europeu.


O antissemitismo afetava judeus de todas as partes da Europa, sobretudo na Europa Central e Oriental. A resposta judaica a isso foi defender a criação de um Estado judaico, e o local escolhido foi a Palestina, região que foi habitada pelos judeus na Antiguidade, mas que tinha sido abandonada por eles na Diáspora em consequência da perseguição que sofriam dos romanos.


A grande questão é que a região era habitada pelos árabes palestinos havia séculos e séculos. Para garantir a formação de um Estado judaico naquela região, foi formada a Organização Sionista Mundial, que passou a atuar na compra de terras na Palestina para arrendá-la aos judeus.


Como aconteceu a criação do Estado de Israel?


A criação do Estado de Israel foi resultado da movimentação política internacional dos sionistas. Ao longo das décadas de 1910, 1920 e 1930, a população judaica na Palestina foi crescendo gradativamente. Além disso, os sionistas receberam a promessa do Reino Unido (que passou a controlar a região depois da Primeira Guerra Mundial) de criar um Estado judaico.


À medida que a presença judaica foi aumentando na Palestina, os problemas entre árabes e judeus também cresceram. Os palestinos começaram a se opor à presença judaica na Palestina, defendendo o seu direito a possuir aquela terra de maneira autônoma. Foi nesse cenário que a violência entre judeus e árabes ganhou força.


Os judeus formaram grupos paramilitares para se defenderem, como o Haganá e a Gangue Stern, atuando por meio de ataques terroristas. Os árabes, por sua vez, formaram forças militares para lutar contra o domínio britânico na Palestina e encerrar a migração judaica para a região. Com o tempo, a presença judaica aumentou, até que o fluxo de judeus para a Palestina ganhou enormes proporções durante a Segunda Guerra Mundial.


O Holocausto, genocídio de judeus na Europa pelos nazistas, criou as condições políticas para a criação de Israel. O Reino Unido abriu mão do seu mandato sob a Palestina, deixando a região em tensão nesse conflito entre árabes e judeus. A situação foi entregue para a ONU, que resolveu mediar o conflito estabelecendo uma proposta.


Por meio desta, a ONU aprovou, a partir da Resolução 181, a divisão do território da Palestina. Assim, 53,5% do território foi designado para ser Israel e 45,4% das terras seriam domínio dos palestinos, segundo a resolução da ONU. Os judeus ficariam com a maior parte do território, mesmo tendo apenas 30% da população.


A cidade de Jerusalém ficaria sob controle internacional. Os judeus sionistas aceitaram a proposta, mas os árabes palestinos não. Com isso, em 14 de maio de 1948 foi proclamada a fundação de Israel. O ato também deu início a um grande conflito entre israelenses e palestinos.


Quais são as consequências da criação do Estado de Israel?


Conflitos entre Israel e Palestina


A criação do Estado de Israel foi acompanhada de uma resposta dos países árabes vizinhos à Palestina que não concordavam com a criação de um Estado judaico em uma terra que previamente era habitada pelos árabes palestinos. De 1948 em diante uma série de conflitos aconteceram na região como fruto dessa disputa pelo território entre judeus e árabes.


O primeiro conflito foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense, de 1948, em que diferentes nações árabes se uniram contra o recém-fundado Estado de Israel. Esse conflito teve duração de 1948 a 1949, se encerrando com a vitória israelense e a ampliação de seu território. Além disso, esse conflito ficou conhecido pela “nakba”.


Esse termo do árabe é traduzido como “catástrofe”, resumindo bem o que foi o conflito para os palestinos. As conquistas israelenses na guerra de 1948 fizeram com que cerca de 700 mil palestinos fugissem de suas terras. A ONU estima, atualmente, que o número de palestinos descendentes da “nakba” estejam em cerca de 5 milhões de pessoas. Até hoje o Estado de Israel não permite o retorno dessas pessoas.


Desde esse conflito travado entre 1948 e 1949, outras guerras entre israelenses e palestinos foram travadas:


Crise de Suez;


Guerra dos Seis Dias;


Guerra de Yom Kippur;


Primeira Intifada;


Segunda Intifada.


Os conflitos entre israelenses e palestinos seguem em curso, com pequenos intervalos de paz, embora a proporcionalidade de forças hoje seja incomparável. Enquanto Israel possui uma das forças militares mais poderosas do mundo, a Palestina não possui reconhecimento internacional nem mesmo um território estabelecido.


Questão palestina


Essa questão é justamente a luta do povo palestino pelo reconhecimento internacional da Palestina enquanto nação e pela delimitação do seu território. Muitos defendem a adoção da solução de dois Estados, isto é, a divisão do território para que Israel e Palestina possam coexistir de maneira pacífica.


A grande questão é que muitos observadores internacionais apontam que os palestinos são mantidos em um regime de apartheid por Israel. As condições de vida impostas aos palestinos na Faixa de Gaza são cada vez piores, e bombardeios israelenses na região são comuns. Isto além da dificuldade de acesso ao básico na região, como alimento, remédios, energia elétrica e água potável.


No caso da Cisjordânia, debate-se a progressiva ocupação do território por israelenses. Nas últimas décadas, o território palestino tem sido ocupado por assentamentos israelenses que forçam a migração da população palestina, se tornando alvo da violência cometida por forças militares israelenses.


Existem denúncias de programas contra palestinos, e muitos relatórios internacionais apontam que eles são tratados como cidadãos de “segunda categoria”, sendo abertamente discriminados. Depois de sete décadas, não há no horizonte uma previsão para o término desse conflito."


Escrito por : Daniel Neves Silva

Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-criacao-estado-israel.htm#Resumo+sobre+a+cria%C3%A7%C3%A3o+do+Estado+de+Israel


Fontes


ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013.


OMER, Mohammed. Em estado de choque: sobrevivendo em Gaza sob ataque israelense. São Paulo: Autonomia Literária, 2017.


BBC BRASIL. Al-Nakba, a ‘catástrofe’ que mudou destino de palestinos em 1948 e está na raiz de conflito com israelenses. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44108177.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Sobre a Ignorância e suas Consequências: Reflexões sobre o Holocausto e os Conflitos em Gaza

 

Dag Vulpi

Durante os sombrios anos do Holocausto, uma parte significativa da sociedade permanecia na penumbra do desconhecimento sobre as atrocidades cometidas pelo regime nazista. Enquanto milhões de vidas eram ceifadas, a ignorância coletiva erguia um véu sobre a verdade cruel que se desenrolava nos bastidores da Segunda Guerra Mundial.


Ao se aprofundar na história, é surpreendente constatar como muitos estavam alheios à maquinação sistemática de genocídio perpetrada pelos nazistas. Uma análise desse comportamento revela não apenas a eficácia da propaganda, mas também o choque que a revelação tardia desses horrores provocou naqueles que, por muito tempo, viveram na sombra da ignorância.


No desconhecimento da crueldade do Holocausto, cidadãos foram levados a apoiar uma tragédia histórica. Paralelamente, a falta de compreensão sobre os eventos em Gaza resulta em apoio a ações questionáveis.


Conexões aparentes entre o passado e o presente.


Da sombra da desinformação à luz da compreensão, o apoio ao Holocausto durante o nazismo ecoa em escolhas contemporâneas. Assim como alguns, por falta de discernimento, respaldaram a atrocidade do passado, hoje, muitos emitem suporte a eventos controversos em Gaza. Uma análise sobre como a ignorância pode moldar perspectivas e influenciar a história.


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Alemães protestam em frente a evento do AfD aos gritos de "fora nazistas"


Ao todo, 1 milhão de pessoas, a maioria jovens, protestaram neste domingo (24), aos gritos de "fora nazistas", na frente do espaço alugado pelo eleitores do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) no centro de Berlim para festejar os resultados das eleições de hoje. As informações são da Agência EFE.

Leia também:

Com aproximadamente 13% dos votos, conforme projeções, o AfD entrará para o Bundestag (Parlamento alemão) como a terceira maior força parlamentar, questão que também gerou protestos em outras grandes cidades do país.

A concentração em Berlim aconteceu na porta do Traffic Club Berlin, a poucos metros da Praça Alexanderplatz, onde os líderes do partido e seus simpatizantes deram entrevista e comemoraram o sucesso nas eleições.

Cercados por um amplo esquema de segurança, os protestos começaram logo depois da divulgação das primeiras projeções. A maioria dos manifestantes criticava o discurso xenófobo de um partido que fez da rejeição aos imigrantes e refugiados o principal eixo de campanha.

“Não existe espaço para a propaganda nazista”, “Nacionalistas fora” e “Refugiados bem-vindos” foram algumas das frases ouvidas durante a manifestação em Berlim.

De acordo com a imprensa alemã, também ocorreram protestos em Colônia, Hamburgo e Frankfurt, sem registro de incidentes.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Afinal, o que é uma ditadura?


Por Bruno André Blume* no portal Politize.
Um dos termos mais frequentemente utilizados em qualquer conversa sobre política no Brasil é ditadura. É natural que isso aconteça, afinal, o nosso país – assim como seus vizinhos e outros no resto do mundo – possui um histórico de experiências ditatoriais. Europa, Ásia, África, América: esses regimes existiram e continuam a existir por toda parte.

Mas nem é preciso se referir a uma ditadura de verdade para alguém usar esse termo em um debate. Afinal, é fácil classificar governos de que não gostamos como autoritários, ditatoriais. E, para confundir ainda mais, muitas democracias realmente lidam de forma autoritária com a divergência, assim como se utilizam de métodos ditatoriais para alcançarem seus objetivos – mesmo que na maior parte do tempo sejam democráticos e respeitem as regras do sistema político vigente.

Tendo essas reflexões em mente, nos perguntamos: como pode ser definida a ditadura? Quais características são comuns a todos os regimes ditatoriais? É isso que vamos procurar esclarecer neste texto.

Conceito
Segundo Maurice Duverger, a ditadura pode ser definida como um regime político autoritário, mantido pela violência, de caráter excepcional e ilegítimo. Ela pode ser conduzida por uma pessoa ou um grupo que impõe seu projeto de governo à sociedade com o auxílio da força. Normalmente, ditadores chegam ao poder por meio de um golpe de Estado. Já o filósofo político Norberto Bobbio afirma que a ditadura moderna é um regime caracterizado pela concentração absoluta do poder e pela subversão da ordem política anterior.

Centralização, autoritarismo e violência
Ditaduras costumam ser bastante centralizadoras. O poder fica extremamente concentrado nas mãos da pessoa ou grupo que governa o Estado, com pouca ou nenhuma abertura para o debate político. Os espaços de comunicação e deliberação costumam ser fortemente regulados ou suprimidos. Isso inclui a imprensa, os poderes legislativo e judiciário (que deixam de ser independentes, como costuma ser de acordo com a divisão dos três poderes) e os partidos políticos, que muitas vezes são proibidos de existir.

Dessa forma, calando vozes de oposição, as ditaduras forçam consensos e implementam suas políticas com poucas ou nenhuma consulta à sociedade. É por isso que o autoritarismo e a violência são duas das marcas de qualquer ditadura. No Brasil, no último período ditatorial que tivemos (1964-1985), houve censura à imprensa, proibição de quase todos os partidos políticos, perseguição a opositores e, em alguns momentos, o fechamento do Congresso Nacional. O Ato Institucional Número Cinco (AI-5), de 1968, concedeu poderes extraordinários ao Presidente da República, como decretar recesso do Poder Legislativo em todos os níveis da federação a qualquer momento.

Excepcionalidade e ilegitimidade

Ditaduras normalmente possuem caráter excepcional (são regimes de exceção) e surgem a partir de golpes de Estado. As ditaduras da Roma antiga já eram de exceção, mas, como explica Bobbio, nada tinham a ver com as ditaduras modernas. Os ditadores romanos eram investidos pelo senado para atuar em situações de emergência, geralmente guerras. Também tinham prazos rígidos para cumprir sua missão, que não se prolongavam mais de seis meses. Era um mecanismo previsto nas leis romanas. Hoje em dia, é raro que haja qualquer previsão legal de instauração de ditaduras dentro de regimes democráticos. Mesmo assim, no século XX, elas se proliferaram em países da América Latina, Europa, África e Ásia.

Ainda é comum que ditadores declarem seus regimes como sendo de exceção, como também nota Bobbio. A existência da ditadura seria, portanto, um mal necessário para que a ordem nacional seja restaurada – e assim que isso acontecesse, o regime deixaria de existir. Entretanto, ditaduras que se declaram de exceção podem se arrastar por décadas, como aconteceu no Brasil (a ditadura militar iniciada em 1964 foi terminar apenas mais de 20 anos depois).

Uma vez que alcança o poder por meio de golpes de Estado, sem consentimento dos cidadãos, ditaduras também possuem problemas de legitimidade. Raramente elas se iniciam por meio de eleições diretas. Golpes de Estado são o ponto de partida mais comum. Além disso, o regime ditatorial disponibiliza poucos instrumentos de participação popular na política, como eleições, consultas populares e assembleias.

Mas atenção: algumas ditaduras podem até utilizar alguns instrumentos democráticos para passar um verniz de legitimidade em seus governos. Via de regra, esses instrumentos são severamente controlados para evitar que manifestem discordância das políticas e visões do regime oficial.

Variações de ditadura

Dependendo das características do regime e dos grupos que o promovem, a ditadura pode ser classificada de diferentes formas. Veja algumas das mais conhecidas a seguir:

Ditadura militar

Uma das formas de ditadura mais comuns em muitas partes do mundo é a militar. Ocorre quando as forças militares tomam o poder, normalmente com o uso de seu próprio arsenal bélico. O motivo para haver tantas ditaduras militares é justamente a força que tal segmento do Estado possui. Quando as forças armadas se insurgem contra o poder político constituído, é muito difícil contra-atacar.

Uma ditadura militar pode ter diferentes orientações ideológicas. Há exemplos de ditaduras consideradas de direita – caso da maior parte das que existiram na América Latina, como no Brasil (1964-1985), Chile (Augusto Pinochet, 1973-1990) e Argentina (1966-1973) – e de ditaduras de esquerda – Cuba e Coreia do Norte são exemplos.

Ditadura fascista

O fascismo merece um texto à parte. Mas cabe registrar que esse tipo de regime político também pode ser considerado uma ditadura, uma vez que envolve a presença de um líder autoritário, a censura e o uso da força bruta. Caracteriza-se também pelo ultranacionalismo, o belicismo e por ideias populistas.

Ditadura do proletariado
Esse é uma forma de ditadura que provavelmente nunca foi de fato aplicada na realidade. A ditadura do proletariado é um conceito adotado dentro da teoria marxista. Essa ditadura seria exercida pela classe proletária (a classe dos trabalhadores, aqueles que vendem sua mão de obra para os donos dos meios de produção), em substituição ao Estado burguês (o Estado como o conhecemos hoje). Seria um estado de transição anterior ao comunismo, em que o proletariado passaria a ter todo o controle da sociedade e da política. Apesar do nome, a teoria prevê que esse regime político possuiria bases democráticas, uma vez que as autoridades públicas seriam eleitas e destituídas pelo sufrágio universal.

Ditadura e regimes totalitários é a mesma coisa?
Apesar de terem significados muito próximos, existe uma diferença entre ditadura e totalitarismo. Ditadura se refere estritamente a um regime autoritário comandado por um líder ou grupo com excessivo poder, sem consentimento popular e que se utiliza da força para manter sua liderança.

Já o totalitarismo é um regime que, além de autoritário, ainda promove esforços para controlar e regular todos os aspectos da vida pública e privada. Dentro de regimes totalitários, a vida de cada cidadão é monitorada pelo grupo no poder, que controla cada instituição governamental. Valoriza-se também a lealdade ao partido ou grupo no poder. A ideologia governamental torna-se central para a vida da maior parte da população. Regimes totalitários também se ancoram no uso da propaganda política para conquistar e controlar o pensamento da população.

Um bom exercício para compreender a diferença entre ditadura e totalitarismo é olhar para suas formas opostas. A ditadura é o contrário de uma democracia, no sentido de que é um governo sem o consentimento do povo. Já o totalitarismo é visto como o contrário de pluralismo, um sistema em que há liberdade de pensamento, de crença e respeito aos direitos fundamentais.

Uma ditadura nem sempre é totalitária, já que pode conviver com alguma pluralidade de pensamento e sem a preocupação de controlar absolutamente todos os aspectos da vida da população. Apesar disso, muitas ditaduras são de fato totalitárias, especialmente as mais conhecidas do século XX: o nazismo de Hitler na Alemanha, o fascismo de Mussolini na Itália, o comunismo na União Soviética, entre outros.

Conclusão: Um regime avesso à democracia
Apesar das muitas reflexões que surgem a partir da discussão sobre o significado de ditadura, Bobbio afirma que o uso atual do termo pode ser resumido a apenas um ponto: a falta de democracia nesses regimes. De fato, totalitárias ou não, militares ou não, fascistas ou comunistas, as ditaduras modernas têm em comum o fato de serem também antidemocráticas.

Conseguiu esclarecer o que seria uma ditadura? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!

Referências
Norberto Bobbio: Dicionário de Política – Ditadura – CPDOC: AI-5   – Diferença entre totalitarismo e ditadura – Farol Político: ditadura – Ditadura: definição, características e exemplos

*Bruno André Blume - Bacharel em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e editor de conteúdo do portal Politize!.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Hitler era de extrema direita, sim



Leia aqui o porque do ódio de Adolf Hitler aos judeus. 

Dizer que Hitler era de extrema-direita é igual dizer que a grama é verde. Dizer que Hitler era outra coisa no espectro político é igual dizer que a grama é azul. Há alguns anos, parecia impensável que um dia haveria um forte movimento de opinião dizendo algo parecido com dizer que a grama é azul. Mas infelizmente, o mundo em que vivemos atualmente está muito parecido com um hospício. Por isso, ficou necessário explicar didaticamente porque a grama é verde, ops, porque Hitler era de extrema-direita. E, com licença para usar uma gíria, o problema foi que deram mole. Quando apareceram os primeiros malucos falando que Hitler era de esquerda, foram ignorados, porque achava-se que pouquíssimos acreditariam nesta patacoada. Aí o monstro cresceu e já foi possível ver amigos virtuais dizendo que conhecem adolescentes que pensam que Hitler era de esquerda.

Há dois revisionismos sobre a história do nazismo que pilantras praticam por motivos políticos e que plateias aparecem porque, conforme dito no parágrafo anterior, o mundo está cada vez mais parecido com um hospício. Um revisionismo é o de que o Holocausto não existiu. O outro é o de que o nazismo seria de esquerda. O primeiro é o pior por desrespeitar vítimas de uma atrocidade. Mas o segundo não deixa de ser abjeto. E possui maior probabilidade de iludir pessoas. Portanto, este texto discute um pouco este revisionismo.

Os difusores deste revisionismo consistem em uma grande corrente de “pensadores” de direita e de usuários de Internet que seguem esses pensadores, que divulgam a patacoada de que o nazismo seria de esquerda com um simples objetivo: se livrar do filho feio. Como ninguém (ou melhor, quase ninguém) acha que o nazismo foi bom, é melhor esconder o fato de que o nazismo foi de direita para que o nome da direita não fique manchado. Estranhamente, alguns desses “pensadores” elogiam o Generalíssimo Franco, aquele que teve ajuda das forças armadas de Hitler para chegar ao poder. Apologistas do revisionismo de que Hitler era de esquerda são, em geral, discípulos do "mestre" Olavo de Carvalho, que por sua vez tem simpatia pelo Generalíssimo Franco. Entenderam alguma coisa? Os argumentos dos revisionistas são: 
  • O nome: Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP)
  • A cor vermelha da bandeira do partido
  • As políticas econômicas keynesianas
  • Documentos do partido com retórica anticapitalista

Revisionistas se inspiram em textos de figuras de "grande contribuição" intelectual para a humanidade como Rodrigo Constantino e Leandro Narloch.

Bom, o que dizer disso? Nome de partido não quer necessariamente dizer conteúdo, vide os inúmeros exemplos de partidos brasileiros atuais. E mesmo se o socialismo for verdadeiro, pode significar anti-liberalismo, e não necessariamente igualitarismo.

Sobre as políticas keynesianas, elas não são necessariamente de esquerda. As políticas econômicas keynesianas têm dois objetivos. O primeiro é combater recessões causadas por insuficiência de demanda. O segundo é combater a elevada concentração de renda gerada pelo capitalismo. Somente as políticas para atingir esse segundo objetivo são necessariamente de esquerda. Esse tipo de política não foi praticado pelos nazistas. Eles fizeram apenas políticas de fomento à demanda, que podem ser praticadas tanto por governos de esquerda, quanto pelos de direita. Em geral, governos de direita fazem política de demanda através dos gastos militares. Foi o que fizeram os nazistas. Políticas econômicas keynesianas de governos de esquerda ajudam a reduzir a concentração de renda. As políticas econômicas dos nazistas contribuíram para aumentar a concentração de renda da Alemanha entre 1933 e 1939. Houve congelamento de salários e aumento de lucros. O intervencionismo nacional socialista não pareceu o que seria depois a social democracia europeia do imediato pós guerra. Pareceu o que seria o Brasil do Médici. Foi um intervencionismo favorável ao capital, e não ao trabalho. Este artigo (procurar por “Uma interpretação do primeiro milagre econômico alemão 1933-1944”, de Ricardo Feijó), escrito em 2009, descreve bem as políticas econômicas praticadas no Terceiro Reich.

Ainda que as políticas nazistas fossem completamente estatizantes, elas não seriam de esquerda só por causa disso. E, além disso, essas políticas não foram completamente estatizantes. Sim, isso mesmo, houve um programa de privatizações na Alemanha de Hitler. E mais: o aproveitamento do trabalho escravo de prisioneiros em campos de concentração pelos grandes conglomerados alemães é um precursor da privatização dos presídios.

Sobre a retórica anticapitalista, isto não é contraditório com direita, pois direita tem mais a ver com hierarquia e tradição do que com capitalismo. Críticas ao capitalismo não são apenas marxistas. Críticas tradicionalistas ao capitalismo existem desde quando existe capitalismo. Ainda assim, capitalismo acabou combinando bem com hierarquia e tradição. Gostar mais de aristocrata do que de capitalista não é contraditório com defender a manutenção da ordem capitalista. E mesmo com a retórica inicial do partido, houve um relacionamento muito amigável entre capitalistas alemães e nazistas no Terceiro Reich.

O que ajuda muito na compreensão sobre o posicionamento do Nacional Socialismo no espectro político é observar documentos históricos. A matéria da Folha da Manhã do dia 1 de fevereiro de 1933, dia seguinte à chegada do Hitler ao poder, mostra muito bem quem estava a favor e quem estava contra. (Clique para ampliar)


É possível ver perfeitamente que os comunistas e os socialistas (SPD) estavam contra a formação do governo nazista e que o capital financeiro e o ex-kaiser estavam a favor. O SPD e o KPD (Partido Comunista) não endossaram a ascensão de Hitler ao poder, e os partidos conservadores endossaram. O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) nunca obteve maioria absoluta no Parlamento, o apoio de outros conservadores foi fundamental. O político conservador Franz von Papen, chanceler em 1932, participou do início do governo Hitler. Logo em 1933, começaram as prisões de comunistas.

Alguns acreditam que o NSDAP conseguiu atrair ex-comunistas. Não parece que tenham sido muitos. O gráfico a seguir mostra a evolução da votação dos partidos nas eleições parlamentares da República de Weimar.

Verifica-se claramente que a soma da votação na esquerda, composta pelo KPD e pelo SPD, sempre foi estável, oscilando na restrita faixa entre 33% e 40% (o que mudou foi só a composição: em anos de crise, como 1924 e 1932, o KPD foi bem, em ano de prosperidade, que foi 1928, o SPD teve seu melhor desempenho, mas esta informação não é necessária para colocar no gráfico, porque já vai além do assunto do texto, por isso os números dos partidos de esquerda aparecem somados). Um forte declínio da votação dos partidos conservadores convencionais (Centro, Partido Nacional Popular Alemão, Partido Popular da Baviera) foi acompanhado de uma forte elevação da votação dos Partido Nacional Socialista de 1928 a 1932. Ou seja, há forte indício de que o NSDAP herdou eleitores dos outros partidos conservadores.

Os nazistas tinham seu braço anticapitalista, a SA. Mas esta foi deixada de lado por Hitler logo em 1934. E mesmo anticapitalista, a SA também era anticomunista. Durante a República de Weimar, a SA saía na porrada nas ruas contra a Roter Frontkämpferbund, o braço paramilitar do KPD.

Quem fala que os nazistas eram de esquerda gosta também de lembrar o pacto germano soviético de 1939. Mas a verdade é que este pacto não foi ideológico, só foi de conveniência para ambos os lados. Hitler não queria guerra em duas frentes, e além de tudo, precisava de suprimentos de matéria primas, que a União Soviética poderia fornecer. Stálin previa que o pacto seria quebrado, mas considerou-o vantajoso porque haveria um tempo adicional para preparar seus exércitos. Não apenas entre 1941 e 1945, mas também entre 1933 e 1939, a Alemanha Nazista e a União Soviética eram grandes inimigos. A maior evidência disso se viu durante a Guerra Civil Espanhola, em que cada um apoiou um lado. Durante a República de Weimar, que precedeu a era de Hitler, a Alemanha e a União Soviética tinham relações diplomáticas e econômicas razoavelmente boas. 

O comércio entre Alemanha e União Soviética caiu bruscamente a partir de 1933, e só teve um pequeno momento de elevação entre 1939 e 1941. Atualmente, os neonazistas são chamados na Alemanha de rechtsradikale (a tradução é radicais de direita). Eles certamente não gostariam de ser chamados de esquerdistas. Aqui no Brasil, o adolescente que quer mostrar “mamãe, sou radical de direita” ainda não sabe se vai virar neonazista ou se vai rejeitar de boca pra fora o nazismo e dizer que “o nazismo é de esquerda”.

Não apenas os revisionistas são perigosos, como também os moderate heroes. Estes diriam que “Hitler não era de esquerda, mas também não era de direita, o nazismo é complexo demais para ser enquadrado no espectro esquerda/direita”. Opiniões do meio também podem ser mentirosas. O nazismo pode ter sido complexo em algumas coisas, mas não no espectro esquerda/direita. Não há qualquer dificuldade em considerá-lo integrante da direita.

História não é uma ciência exata. Admite interpretações diferentes de fatos. Mas não admite negação de fatos. Quem diz que o Holocausto não existiu ou que Hitler não era de extrema-direita não está tendo uma “opinião”, está simplesmente errado. Acadêmicos sérios não deveriam debater, e sim boicotar quem nega o Holocausto ou quem nega que Hitler era de extrema-direita. Eventos acadêmicos que contam com a presença de pessoas conhecidas por defender estes negacionismos devem ser esvaziados.

Escrevi este texto com o objetivo de ser leitura fácil, para que quem tiver algum parente ou amigo, principalmente jovem, que está começando a se interessar por História, por Política, por Sociologia, por Economia, e soltar o absurdo de que Hitler era de esquerda, envie este texto para esclarecimentos.

Via: Trincheiras 

A preocupação de Hitler com o comunismo e o seu ódio pelo povo judeu

A liderança judaica na Revolução Bolchevique e o início do Regime soviético - por Mark Weber

Institute for Historical Review


Avaliando o sinistro legado do comunismo soviético.

Por Mark Weber

Na noite de 16-17 de julho de 1918, uma esquadra da polícia secreta Bolchevique assassinou o último imperador da Rússia, o Czar Nicolau II, junto com sua esposa, a Czarina Alexandra, seu filho mais velho de 14 anos, o Tsaverich1 Alexis, e suas quatro filhas. Eles foram abatidos numa salva de balas num pequeno espaço de um cômodo da casa em Ecaterimburgo, uma cidade na região dos Montes Urais, onde eles estavam mantidos como prisioneiros. A complementação da execução das filhas foi feita com baionetas. Para prevenir o culto ao Czar morto, os corpos foram descartados para o campo aberto e apressadamente enterrados em um túmulo secreto.

As autoridades Bolcheviques inicialmente relataram que o imperador Romanov tinha sido baleado após a descoberta de um plano para liberar ele. Por algum tempo as mortes da Imperatriz e das crianças foram mantidas em segredo. Historiadores soviéticos alegaram por muitos anos que bolcheviques locais tinham atuado pela própria responsabilidade na matança, e que Lenin, fundador do Estado Soviético, não tinha nada a ver com o crime.

Em 1990, o dramaturgo e historiador Edvard Radzinsky anunciou o resultado de sua detalhada investigação sobre os assassinos. Ele descobriu reminiscências do guarda costa de Lenin, Alexei Akimov, quem recontou como ele pessoalmente transmitiu do escritório de telégrafo a ordem de Lenin para execução. O telegrama foi também assinado pelo chefe do governo soviético Yakov Sverdlov. Akimov tinha salvado a fita do telegrama original como o relato da ordem secreta.

A pesquisa de Radzinsky confirmou o que as evidencias prévias tinham já indicado. Leon Trotsky – um dos mais próximos colegas de Lenin – tinha revelado anos atrás que Lenin e Sverdlov tinham juntos feito a decisão de sentenciar à morte o Czar e a família dele. Relembrando esta conversação em 1918, Trotsky escreveu:

Minha próxima visita para Moscou pegou lugar após [temporária] queda de Ecaterimburgo [para as forças anti-comunistas]. Falando com Sverdlov, eu perguntei em passagem: “Oh sim, e onde está o Czar?”
“Finalizado” ele respondeu. “Ele foi baleado.”
“E onde está a família?”
“A família foi junto com ele.”
“Todos eles?” eu perguntei, aparentemente com um traço de surpresa.
“Todos eles” respondeu Sverdlov. “E então?” Ele estava esperando ver minha reação. Eu não dei nenhuma resposta.
“E quem fez a decisão?” Eu perguntei.
“Nós decidimos isso aqui. Ilyich [Lenin] acreditou que nos não deveríamos deixar os Brancos com algum símbolo para reuni-los, especialmente sobre as difíceis circunstâncias presentes.”

Eu não questionei nada além e considerei a questão encerrada.
Leon Trotsky - o judeu líder do exército soviético (o Exército Vermelho) escreveu: "A decisão [matar a família imperial] não foi somente um expediente rotineiro mas foi necessário."

Recente pesquisa e investigação por Radzinsky e outros, também corroboraram os relatos fornecidos em anos prévios por Robert Wilton, correspondente do London Times na Rússia por 17 anos. Seus relato, The Last Days of the Romanovs – originalmente publicados em 1920, e relançado em 1993 pelo Institute for Historical Review – é baseado em maior parte nos achados de uma detalhada investigação iniciada em 1919 por Nikolai Sokolov sobre a autoridade do Líder “Branco” (anti-Comunista) Alexander Kolchak. O livro de Wilton permanece um dos mais precisos e completos relatos do assassinato da família imperial da Rússia.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O Avanço nazista e as esquerdas alemãs


No começo de 1932 ocorreu eleição para presidência da República. Comunistas e sociais-democratas saíram separados. Os comunistas obtiveram 5 milhões de votos. No entanto, os dois candidatos mais votados foram Hindenburg e Hitler. No segundo turno Hindenburg contou com o apoio declarado da socialdemocracia. Isto lhe garantiu uma tranqüila vitória. Os comunistas se abstiveram.

Em junho Hindenburg demitiu Brüning e indicou em seu lugar o barão von Pappen, político da ala direita do Centro Católico. Este revogou a interdição aos grupos paramilitares nazistas e dissolveu o parlamento, visando garantir uma maioria conservadora nas eleições. A direita no poder resolveu derrubar o governo socialdemocrata na Prússia através de uma intervenção federal constitucional, tida por muitos como um golpe de Estado.

O Partido Comunista, sentindo o perigo e rompendo com sua política sectária, propôs a realização de uma greve geral contra a intervenção. O Partido Socialdemocrata não aceitou a proposta e capitulou sem luta. O estado da Prússia possuía um corpo policial armado de cerca de 90 mil homens, em grande parte formado por ex-operários. Existiam ainda os grupos de autodefesa comunistas chamados Combatentes da Frente Vermelha, e os agrupamentos armados dos sociais-democratas, os Reichbanner. A resistência poderia significar o início da guerra civil, aquilo que menos queriam as lideranças socialdemocratas. Acreditavam que qualquer resultado advindo da mobilização revolucionária das massas, vitória ou derrota, lhes seria desfavorável.

Von Papen dissolveu novamente o parlamento e convocou eleições para novembro de 1932. Desta vez os nazistas sofreram uma importante derrota. De 13,7 milhões de votos obtidos em março cairia para 11,7 milhões e de 230 deputados cairia para 196. Os comunistas subiram de 89 para 100 deputados. O PSDA baixou de 133 para 121 deputados. A somatória dos dois partidos operários ainda era maior do que a do Partido Nazista tomado isoladamente. Nos dias seguintes os nazistas conheceriam revezes nas eleições para as assembleias legislativas estaduais.

Entre setembro e novembro de 1932 uma onda grevista tomou conta da Alemanha. Destacou-se a greve dos transportes de Berlim que paralisou a cidade. A manutenção do impasse político e o aumento das lutas operárias começavam a prejudicar os nazistas e amedrontar o grande capital financeiro. Era preciso por fim a esta crise interminável. Era preciso instaurar a ditadura aberta. A grande burguesia passou a defender a indicação de Hitler para chancelaria do Reich. Hindeburg então destituiu von Papen e indicou Kurt von Schleicher. Este, por sua vez, ficaria apenas dois meses.

Os comunistas, além de subestimar a frente única, tendiam a considerar todos governos autoritários como fascistas. Os governos Brüning e von Papen já eram definidos como fascistas. Eram todos variações do variações de um mesmo tema: o fascismo. A própria socialdemocracia era definida como sua ala esquerda. Para muitos, o comunismo perdeu de vista, assim, seu inimigo principal e impossibilitou a conquista de novos aliados, ainda que precários.

A confusão durou até que em 30 de janeiro de 1933 o presidente constitucional Hindenburg nomeou Adolf Hitler para chanceler. Os nazistas chegavam ao poder dentro da legalidade, respeitando a constituição de Weimar.

O nazista Frick foi indicado para o Ministério do Interior e Göring para a mesma função no principal estado alemão, a Prússia. Sua primeira medida foi demitir todos os oficiais e policiais suspeitos aos olhos dos nazistas e incorporar na polícia do Estado os membros das SA e SS. Em uma de suas primeiras ordens do dia afirmou: “Os oficiais de polícia que se utilizarem de armas de fogo na execução de seu dever podem contar com todo o apoio, independentemente das consequência de seus atos”. Começava o reino do terror. Na madrugada de 26 de janeiro de 1933 o Reichstag foi incendiado e a acusação recaiu sobre o Partido Comunista Alemão. Na mesma noite cerca de 5 mil comunistas foram presos e vários assassinados. Montou-se um processo-farsa contra o PCA e a Internacional Comunista.

No dia 5 de março, poucos dias após a grande repressão contra os comunistas, realizou-se novas eleições. As principais cidades alemãs foram tomadas de assalto pela propaganda nazista. Parecia que, da noite para o dia, haviam desaparecido os socialistas e comunistas. Não se viam suas propagandas em parte alguma. O Partido Nazista conquistou 17.250 milhões de votos. No entanto, apesar da violenta repressão, a socialdemocracia elegeu 120 deputados e o Partido Comunista 81. O “perigo socialista” reaparecia e precisava ser extirpado. No dia 9 de março o PCA foi colocado na ilegalidade. Vários dirigentes socialdemocratas também foram presos ou obrigados a se exilar.

Com a cassação de todos os parlamentares comunistas e de alguns sociais-democratas, os nazistas e seus aliados passaram a ter maioria no Reichstag e no dia 23 março apresentaram ao novo parlamento submisso a “lei de Autorização” que revogava de fato a Constituição em vigor ao autorizar o governo nazista a ditar leis sem a necessária aprovação do parlamento. Esta lei foi aprovada por 441 votos contra apenas 94 – era ainda o que restava da bancada socialdemocrata.

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Dag Vulpi

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