O escândalo
Swiss Leaks vinha sendo repercutido muito mais na Blogosfera. Demorou a chegar
aos jornalões e continua sendo ignorado pela Globo. Essa abulia da grande mídia
em relação a um escândalo que, em recursos de brasileiros, chega a 7 bilhões de
dólares, começou a se tornar inteligível após a divulgação de que um dos
depositantes suspeitos é ligado ao PSDB.
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O dito cujo,
conforme vem sendo repercutido pela Blogosfera, é Saul Sabbá. Ele tem relação
com os tucanos porque assessorou o Programa Nacional de Desestatização do
governo FHC, sobretudo nas privatizações de empresas de energia.
O desinteresse
da mídia nacional sobre o assunto vinha sendo tão grande que o deputado federal
pelo PT gaúcho Paulo Pimenta recorreu ao Ministério da Justiça pedindo
investigação das autoridades sobre os brasileiros que figurem nessa lista.
Esse
desinteresse da mídia tradicional tornou-se suspeito já que as informações
sobre o escândalo levantado pelo jornal francês Le Monde foram repassadas ao
The International Consortium of Investigative Journalists (Consórcio
Internacional de Jornalistas Investigativos), que, por sua vez, escolheu o
portal UOL para repassar as informações.
Contudo, o UOL
parece pouco interessado em divulgar nomes. Até o momento, tem se limitado a
caçar nomes que de alguma forma possam estar ligados ao escândalo da Petrobrás.
Contudo,
informações do ICIJ
sugerem que os brasileiros envolvidos na maracutaia suíça podem ter relações
muito maiores com um escândalo bem mais antigo, as privatizações do governo
Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o que
já foi divulgado pela entidade supracitada, grande parte das contas de
brasileiros no HSBC suíço foi aberta entre 1988 e 1991. De 1991 a 1997, essa
abertura de contas perde fôlego. Mas, a partir de 1997, há um novo pico. Essa
forte abertura de contas dura até 2001.
Como se sabe,
foi a partir de 1997 que as privatizações do governo FHC ganharam impulso. E
foi por volta de 2000/2001 que o processo perdeu fôlego.
O jornalista
investigativo Amaury Jr. acaba de anunciar que se desligou
do ICIJ porque a instituição estaria fazendo vazamentos seletivos dos
depositantes. Amaury é autor do best-seller A Privataria Tucana. Com mais de
200 mil exemplares vendidos, o livro quase gerou uma CPI, que o ex-presidente
petista da Câmara Marco Maia não quis instalar.
Agora, o Swiss
Leaks pode terminar investigação que o cordato PT não quis fazer, já que as
autoridades brasileiras vão ter que esclarecer por que houve um fluxo tão
grande de abertura de contas de brasileiros no HSBC suíço justamente no momento
em que o governo FHC vendia nossas estatais a estrangeiros a preço de banana.