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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Concentração de metais na foz do Rio Doce aumentou após tragédia, aponta estudo

Pesquisa constatou índices de ferro, alumínio e manganês na foz do Rio Doce acima do que era encontrado antes da tragédia de MarianaFred Loureiro/Arquivo/Secom ES
Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) fizeram um estudo para comparar a situação ambiental da foz do Rio Doce antes e depois da tragédia de Mariana (MG). De acordo com resultados apresentados, foi constatada a presença do dobro de ferro, quatro vezes mais de alumínio e três vezes mais manganês do que havia no local antes da chegada da lama de rejeitos.

A tragédia de Mariana ocorreu em novembro de 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco. Foram liberados no ambiente mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que provocaram devastação da vegetação nativa, poluição da Bacia do Rio Doce e destruição de comunidades. Dezenove pessoas morreram. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.

A foz do Rio Doce fica no distrito de Regência, que integra o município de Linhares (ES). A análise de suas águas envolveu oito pesquisadores, incluindo geólogo, físico, biólogo, oceanógrafo e químico e resultou em um relatório final de 260 páginas. A pesquisa levou em conta materiais coletados ao longo de um ano. Durante esse período, oito amostras colhidas foram analisadas. A média dos resultados encontrados foi comparada com dados de estudos feitos antes do rompimento da barragem.

Enviado ao ICMBio
Fred Loureiro/Arquivo/Secom ES
De acordo com o geólogo Alex Bastos, que integrou a pesquisa, o relatório final foi apresentado na última semana de junho ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.  "É muito importante o envolvimento das universidades neste tipo de estudo e monitoramento, para que tenhamos minimamente uma fonte de informação científica que a sociedade considere mais imparcial e livre de questionamentos", disse.

Os pesquisadores também fizeram uma análise da população de plânctons na foz do Rio Doce. Foi constatada que a diversidade de espécies de zooplânctons teve redução de 40%. Também houve uma grande diminuição na abundância e no número de espécies dos fitoplânctons, microalgas da base da cadeia alimentar.

"O trabalho que desenvolvemos buscou entender o ecossistema, o ambiente como um todo. Não é só medir os teores de metais, mas também compreender o impacto. Por isso nós analisamos a comunidade planctônica, que é a base da cadeia alimentar e reflete a alteração da química do ambiente”, disse Bastos. Segundo o pesquisador, ainda não é possível precisar o quanto essa situação pode impactar no nível superior da cadeia alimentar, que incluem os peixes.

Segundo o ICMBio, o estudo servirá de base para articular novas ações no Rio Doce. O órgão também informa que vai compartilhar o relatório com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturáveis Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de Águas (ANA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo (Iema).

Saúde humana
Na opinião de Bastos, a poluição na foz do Rio Doce pode gerar impactos na saúde humana que só vão surgir daqui a quatro ou cinco anos. “O risco existe, porque o metal está depositado ali. Quando a água é captada e tratada, é menos complicado. Agora onde temos pessoas usando água do rio diretamente, precisa haver um trabalho de informação por parte do poder público", avalia.

Tanto o ferro como o manganês são elementos essenciais à vida humana e devem ser ingeridos em determinada quantidade, enquanto o alumínio não tem função no organismo do homem, mas os três são considerados tóxicos em caso de excessos e podem trazer riscos à saúde.

Dos três elementos, o manganês é o que poderia trazer mais problemas para o homem, de acordo com Marcus Vinícius Polignano, médico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “É um metal pesado que, em excesso, pode causar efeitos neurológicos. Ele pode entrar no sistema nervoso e as pessoas apresentarem sintomas parecidos com Parkinson”, diz.

No entanto, Polignano acredita que não há pessoas usando a água diretamente do Rio Doce. “Em princípio, ninguém deve beber aquela água sem tratamento. Hoje as estações de tratamento são capazes de controlar essas variáveis, desde que os parâmetros não estejam excepcionalmente fora dos padrões”, disse.

A água na foz do Rio Doce pode gerar impactos na saúde humana, segundo pesquisadoresFred Loureiro/Arquivo/Secom ES
Abastecimento
De acordo com a ANA, há 273 outorgas federais em vigor para o uso das águas do Rio Doce. No entanto, a Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde dispõe sobre os padrões de potabilidade que devem ser observados pelas empresas e companhias responsáveis pelo tratamento e distribuição da água para consumo humano.

No distrito de Regência, a captação no Rio Doce chegou foi interrompida após a tragédia e os moradores chegaram a ter problemas com o abastecimento de água. Como solução temporária, a comunidade foi atendida por caminhão-pipa. Atualmente, é realizada uma coleta em poço artesiano e posterior tratamento em uma estação móvel. O restante do município de Linhares é abastecido com água do Rio Pequeno, um afluente do Rio Doce.

Outra preocupação em relação à saúde humana está ligada ao consumo de peixes que habitam as águas contaminadas. Por esta razão, por decisão da Justiça Federal, a pesca está proibida nos municípios capixabas de Linhares e Aracruz.

Outro lado
Procurada, a Samarco orientou à Agência Brasil fazer contato com a Fundação Renova, instituição responsável pela gestão das ações de reparação dos danos da tragédia. Mantida com recursos fornecidos pela Samarco e por suas acionistas Vale e BHP Billinton, a fundação teve sua criação definida em acordo  firmado entre as mineradoras, o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, no qual se estimou um investimento da ordem de R$ 20 bilhões ao longo de 15 anos para a reparação dos danos.

Em nota, a Fundação Renova disse considerar fundamentais as pesquisas que ajudem a mapear os impactos da tragédia e auxiliem na definição das medidas de reparação em andamento. A instituição informou que possui um monitoramento sistemático em 28 pontos na foz do Rio Doce, no qual também foram registrados aumento nos teores de ferro, manganês e alumínio, corroborando as análises apresentadas pela Ufes. "Todos os resultados desses estudos são protocolados periodicamente junto aos órgãos ambientais", diz o texto.

A instituição informa ainda que um monitoramento específico de biodiversidade foi iniciado em abril no Rio Doce e a análise da região costeira, incluindo Regência, terá início neste semestre. "O mapeamento abordará desde microrganismos aquáticos [plânctons] aos peixes, passando por moluscos e crustáceos. Especificamente para o monitoramento das tartarugas marinhas, foi celebrado um contrato com a Fundação Pró-Tamar. Ao todo, serão monitorados 156 quilômetros da costa do Espírito Santo", finaliza a nota.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ibama exige que Samarco apresente novo Plano de Recuperação Ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)  divulgou ontem (28) que encaminhou ofício na quarta-feira (27) à mineradora Samarco, responsável pela catástrofe ambiental provocada pelo rompimento de barragem em Mariana (MG), exigindo que a empresa apresente um novo Plano de Recuperação Ambiental da região afetada pelo desastre. O plano foi considerado “genérico e superficial” pelo Ibama, que avaliou que se trata de um "plano preliminar", ao contrário do que foi pedido pelo órgão.

Segundo informações divulgadas pelo Ibama, a equipe técnica responsável pela análise considerou que o levantamento dos impactos e as ações propostas pela Samarco tem “caráter genérico e superficial, sem considerar o imenso volume de informações produzidas e disponíveis até o momento, além de apresentar pouca fundamentação metodológica e científica”.

O plano apresentado pela Samarco, de acordo com a análise do Ibama, "não especifica, por exemplo, quais espécies da flora foram afetadas, quantas destas se encontram em risco de extinção ou quantas tem distribuição restrita nos locais atingidos pela lama". Também não consta no documento a altura da lama depositada nas margens, subestima o impacto da tragédia na fauna aquática e faz uma abordagem superficial dos impactos na fauna terrestre. De acordo com a avaliação, a empresa "minimiza todos os impactos ambientais da ruptura da barragem”.

Segundo os analistas do Ibama “a falta de prazos definidos impossibilita qualquer monitoramento das atividades a serem desenvolvidas por parte dos órgãos competentes”. Outro ponto destacado na análise feita pela equipe técnica do Ibama foi que os impactos sociais diretos e indiretos não foram sequer citados.

A Samarco tem até o dia 17 de fevereiro para entregar as complementações e atualizações exigidas. A mineradora entregou o documento no dia 18 de janeiro na Superintendência do Ibama em Minas Gerais e a análise do Ibama foi concluída no dia 21 .


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Fundação Mata Atlântica diz que água do Rio Doce está em "péssima" qualidade


Um estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica concluiu que a condição ambiental do Rio Doce é considerada “péssima” em 650 km de rio. Na comparação, a distância em linha reta entre as cidades de Brasília e Belo Horizonte é de 620 km. A fundação analisou 18 pontos em 29 municípios afetados pela tragédia ambiental na Barragem do Fundão, em Minas Gerais.

De acordo com os dados, 29 amostras de lama e água foram coletados para análise. “A condição do Rio Doce é de qualidade de água péssima, imprópria pra uso desde Bento Rodrigues [em Minas Gerais] até Regência [no Espírito Santo]”, afirmou à Agência Brasil a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

Nas amostras coletadas foram encontrados níveis de magnésio, cobre, alumínio e manganês acima do permitido pela legislação. Malu pede à população das regiões afetadas para não consumir a água diretamente do Rio Doce, não nade ou ofereça água do rio para animais, mesmo fervendo antes. A recomendação é consumir água da torneira, desde que tratada pelas companhias de saneamento.

Os níveis de turbidez da água apresentaram resultados muito superiores aos aceitáveis. A turbidez variou de 5.150 NTU (sigla para Nephelometric Turbidity Unit, unidade matemática utilizada na medição da turbidez) na região de Bento Rodrigues e Barra Longa, à 1.220 NTU em Ipatinga (MG), aumentando gradativamente na região da foz, em Regência (ES). O nível máximo de turbidez aceitável é de 40 NTU.

A coordenadora da fundação também disse ser “praticamente impossível” determinar um prazo de recuperação do Rio Doce neste momento, uma vez que a Samarco ainda não apresentou o plano de recuperação. Malu lembrou que só a recuperação da mata ciliar, que “sofreu uma perda de 17 campos de futebol”, vai levar no mínimo cinco anos.

Para a coordenadora, a recuperação das águas do Rio Doce em dez anos, prazo mínimoestimado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, depende do esforço dos responsáveis. “É possível em dez anos, mas várias técnicas precisam ser implementadas simultaneamente. Não vimos o plano. A Samarco tem de apresentar o plano.”

Segundo Malu, existem outras barragens em situação semelhante à de Mariana. “Mais importante agora é retirar os rejeitos da região de cabeceira que correm o risco de romper. Esse acidente tem de servir pelo menos como alerta. Que o licenciamento ambiental seja mais rigoroso. Que segurança temos de que outras barragens não vão se romper, se elas são mantidas com o mesmo sistema?”

Procurada pela Agência Brasil por telefone e e-mail, a Samarco não se manifestou até a publicação da matéria.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Samarco, Vale e BHP aceitam acordo judicial para revitalizar Bacia do Rio Doce


O governo federal e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo sinalizaram ontem (18) com a possibilidade de um acordo judicial com as empresas responsáveis pelos danos sociais, ambientais e econômicos provocados pelo rompimento da Barragem Fundão, em Mariana (MG), em novembro do ano passado.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, as empresas Samarco, Vale e BHP (controladoras da Samarco) pretendem cumprir a decisão judicial de recuperar a Bacia do Rio Doce mediante acordo com a União e os governos dos dois estados. Após o rompimento da barragem da mineradora Samarco, os governos estaduais e federal entraram na Justiça com uma ação civil pública pedindo indenização de pelo menos R$ 20 bilhões pelos danos.

Segundo Izabella Teixeira, a Justiça concedeu uma liminar à União e aos estados determinando uma série de obrigações para as empresas. Hoje, elas apresentaram a proposta de acordo, mas não adiantaram o conteúdo. Nesta terça-feira (19), haverá uma reunião em Minas Gerais entre os representantes das partes para discutir o assunto.

Izabella Teixeira acrescentou que a Vale, em nome das duas outras empresas, procurou o comitê de revitalização da bacia para informar que quer fazer o acordo na Justiça.

"Portanto, ela quer alocar os recursos necessários, quer ter transparência nas ações, quer efetivamente, junto com as demais empresas, recuperar a Bacia do Rio Doce. Não quer ficar eternamente em disputa judicial. De maneira objetiva, a procura foi sinalizar concretamente que querem buscar um acordo. Estamos aqui dizendo que vamos sentar com o juiz, com o Ministério Público e procurarmos consenso para o acordo", afirmou a ministra.

Conforme o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, o governo pretende ter uma definição sobre o assunto até o início de fevereiro. Para Adams, há a possibilidade de o acordo ser fechado.

"Entendemos que o acordo tem de ter um sistema de financiamento claro, objetivo, que garanta que as ações serão devidamente sustentadas economicamente no curso da execução, além de uma definição de ações que mostre claramente a realização do processo de recuperação naquilo que estabelecemos", destacou.

Adams explicou que a intenção do governo é que o acordo resulte em uma governança efetiva envolvendo os atores públicos e privados, mas que seja feita "basicamente pelo setor privado". De acordo com o advogado-geral de Minas Gerais, Onofre Batista Júnior, o desenho da execução por mecanismos privados é mais "palatável", já que a "forma tradicional" acarretaria a descapitalização da empresa e o envio de uma quantidade "de dinheiro enorme" em um fundo público, que teria dificuldades em executá-lo.

Para o advogado-Geral da União, os R$ 20 bilhões são uma referência, mas não devem ser "um fim em si mesmo". "Temos uma estimativa. Os R$ 20 bilhões são uma estimativa. A rigor não existe número certo. O mais importante é o foco nas ações. Nosso objetivo não é sentar em uma montanha de dinheiro, mas ter ações efetivas. O fim são as ações. Todo acordo vai buscar trabalhar esses elementos."

A ministra Izabella Teixeira disse que a liminar concedida pela Justiça determinou uma primeira parcela de R$ 2 bilhões, conforme solicitado pela União e estados na ação civil pública. Segundo o advogado-geral do Espírito Santo, Rodrigo Rabello, o acordo precisa englobar as três empresas. "Precisamos que as três empresas estejam envolvidas no acordo. Isto é muito importante para nós." Izabella lembrou ainda a necessidade de a governança do recurso passar por uma administração privada.

No dia 5 de novembro do ano passado, o rompimento da Barragem de Fundão derramou 32 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração no Rio Doce. O episódio causou a morte de 17 pessoas, destruiu municípios e continua causando impactos ambientais graves no rio e no oceano.

Na semana passada, após descumprir por duas vezes o prazo, a Samarco entregou os planos de emergência das barragens de Santarém e do Germano, que sofreram danos após o rompimento de Fundão.

Nesta segunda-feira (18), o Ministério de Minas e Energia determinou que as empresas operadoras de barragens de mineração apresentem em 15 dias o comprovante de entrega do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração para os órgãos estaduais e municipais.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Navio da Marinha começa a levantar dados sobre impactos de rejeitos no ES

O navio de pesquisa Vital de Oliveira partiu na manhã de hoje (26) do Porto de Vitória para a região afetada pela lama de rejeitos da Mineradora Samarco, em Mariana, que chegou ao mar do Espírito Santo no domingo (22).

O navio, comprado este ano pela Marinha, tem equipamentos de alta tecnologia e três laboratórios de análise que auxiliarão os 130 profissionais embarcados no diagnóstico dos impactos dos rejeitos na fauna, flora e na comunidade da região.

O navio atuará 24 horas por dia na região de Linhares, área mais atingida até o momento, até o dia 30 de novembro. Pesquisadores de universidades federais, militares e técnicos de órgãos ambientais estadual e federal farão coletas de água e solo para análise laboratorial.

O objetivo é verificar se houve contaminação pelos minérios presentes na lama que escoou pelo Rio Doce, após o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, no dia 5 de novembro, considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) informou que somente a partir dos resultados desses levantamentos será possível ao Estado exigir da Mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP, o pagamento pelos danos ambientais e sociais causados pela lama. 


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Ministra quer rever legislação para evitar novas tragédias com barragens

Brasília - Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa do Espaço Público para falar sobre o impacto catástrofe ambiental com rompimento da barragem em Mariana e a COP-21 (Valter Campanato/Agência Brasil)
Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa do programa Espaço Público da TV Brasil.  O impacto ambiental causado pelo rompimento da barragem em Mariana e a COP-21 foram temas abordados durante a entrevistaValter Campanato/Agência Brasil


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse hoje (24) que é preciso rever a legislação sobre licenciamento ambiental e segurança de barragens, após a tragédia ocorrida em Minas Gerais com o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, no início de novembro, na cidade de Mariana. Para a ministra, governos e outros setores envolvidos no tema devem debater medidas que impeçam um novo episódio como este no futuro.

“Temos que rever a legislação sobre desastres. O Brasil precisa de uma atualização de suas normas sobre desastres. Temos que ter um debate claro, com serenidade. Posso assegurar que vamos propor modernização de tudo que precisa ser modernizado. Temos que trabalhar duramente”, disse Izabella em participação no programa Espaço Público, da TV Brasil.

A ministra disse ainda que a tragédia ainda está “viva”, ou seja, continua provocando efeitos. Ela explicou que as próximas chuvas vão revolver a lama que está no fundo dos rios, provocando novas movimentações do material tóxico, e que uma avaliação concreta do ocorrido só poderá ser feita após todos os efeitos aparecerem. Como os danos podem ser maiores, a ministra disse que a Samarco poderá receber novas multas. “O Ibama multou em R$ 250 milhões e vai multar mais”.

A ministra também falou sobre a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 21). Ela lembrou que o presidente da conferência, o ministro de Negócios Estrangeiros francês Laurent Fabius, elogiou a meta de reduções de emissões de efeito estufa do Brasil – chamada INDC –, de reduzir em 43% as emissões de efeito estufa até 2030.

“O presidente da Cop veio aqui no último domingo reforçar o pedido do governo francês para que o Brasil atue politicamente apoiando o resultado da conferência. Fez especial menção à ambição do Brasil, o exemplo que o Brasil deu com seu INDC e com seu trabalho na redução de gases do efeito estufa. Ele disse que o mundo tem que olhar o que o Brasil está fazendo e apoiar o Brasil”.

Pescadores do Espírito Santo entram na Justiça para pedir indenização


A Federação das Colônias e Associações dos Pescadores e Aquicultores do Espírito Santo  (Fecopes) entrou na 2ª Vara Cível de Linhares, no litoral norte do estado, com uma ação coletiva de indenização na qual representa cerca de 3 mil pescadores. Eles foram atingidos pelo derramamento de lama do Rio Doce após o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região central de Minas Gerais.

O advogado Leonardo Amarante, que defende a federação, disse que aguarda a decisão da Justiça sobre a concessão de uma liminar em que foi pedido o pagamento de pelo menos um salário-mínimo para garantir a sobrevivência dos profissionais que estão impedidos de exercer o trabalho. A fixação de uma indenização será em uma segunda etapa do processo, caso seja concedida pelo juiz. “No mérito do processo tem a fixação da indenização em que o juiz vai arbitrar os danos materiais e morais, quer dizer, o valor do trabalho que eles perderam durante o período em que o rio ficar com este problema e o dano moral que é decorrente do abalo”, esclareceu.

Amarante explicou que, se a liminar for concedida, o pagamento pode ocorrer em 30 dias, porque terão que ser feitas medidas administrativas, como relacionar os nomes dos pescadores que eram cadastrados no antigo Ministério da Pesca e Aquicultura, agora integrado no Ministério da Agricultura. “Vai demandar um certo tempo que, a gente espera, seja o menor possível, caso ele defira a liminar”.

O advogado classificou como dramática, a situação dos pescadores. Ele disse que já acompanhou diversos casos de acidentes ambientais, mas nenhum tão sério como o de Mariana. “Há três colônias de pescadores ao longo do Rio Doce no Espírito Santo e mais algumas em Minas, então, é dramático”, disse. Segundo ele, os rendimentos dos pescadores variam, mas a média é de R$ 2.500. O advogado disse que, embora o pedido de pelo menos um salário-mínimo seja um valor mais baixo, é para atender uma situação emergencial. “O que a gente espera, no momento é que tenha essa garantia mínima. Eles ganham mais e a perspectiva é muito ruim. Estivemos lá ontem e a situação é dramática. É um rio morto mesmo”.

A Samarco informou, por meio de nota, que ainda não foi notificada sobre a ação, mas assegurou que  mantém entendimentos para atender às famílias atingidas pelo rompimento da barragem. “A empresa reforça que está em constante negociação com autoridades públicas competentes para tratar da melhor solução em relação às famílias atingidas que vivem às margens do Rio Doce”, informou.


Instituições atuam em parceria para medir impactos ambientais da lama no oceano


O navio de pesquisas Vital de Oliveira, comprado este ano pela Marinha, chegou hoje (24) à tarde em Vitória (ES) para reforçar as equipes que estão verificando os impactos da lama de rejeitos de mineração na fauna e na flora das áreas oceânicas atingidas no último domingo (22). 

A expectativa é que os equipamentos a bordo do navio, com previsão de atuar na foz do Rio Doce, no município de Linhares (ES), permitam a caracterização física, química, biológica e geológica da região nas próximas semanas.

Além dos pesquisadores da Marinha, o navio receberá técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEAPM) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

O Vital vai se juntar amanhã a mais duas embarcações da Marinha que estão na região, a fragata Rademaker, que está a cerca de 18 quilômetros da costa da praia de Regência e aguarda os resultados de testes com coletas da água, e o rebocador de alto-mar Tridente, que chegou na madrugada de segunda-feira (23).

O pró-reitor de pesquisas da Ufes, Neyval Reis, disse que ainda é cedo para estimar os estragos ambientais, sociais e econômicos da lama que atingiu o oceano. “Naquele primeiro momento após o acidente, emergencialmente, os nossos especialistas fizeram uma atividade de assessoria e apoio técnico aos órgãos que estão cuidando do problema. Agora estamos começando a ter algumas amostras coletadas pela própria universidade e vamos começar a fazer análises”, disse.

Reis informou que a Ufes oficializou hoje a criação de um grupo de 79 pesquisadores que vão atuar no caso. Eles foram divididos em três grupos. Um vai fazer o monitoramento ambiental e propor ações de remediação dos estragos e será composto por especialistas em engenharia ambiental, tratamento e qualidade da água, tratamento de resíduos, fauna e flora, oceanografia, entre outros.

O segundo grupo vai avaliar os impactos sociais do acidente e é composto por economistas, antropólogos, profissionais de saúde e especialistas em gestão pública. O terceiro grupo é de comunicação e gestão institucional e vai sistematizar as demandas e os resultados das pesquisas entre os órgãos e técnicos.

A mancha
A mineradora Samarco, que tem como acionistas a Vale do Rio Doce e a BHP Billiton, informou que prossegue usando 9 quilômetros de barreiras de contenção para proteger as áreas mais sensíveis do estuário localizado em Regência, distrito de Linhares (ES). A empresa disse, por meio de nota, que “a pluma de turbidez está a aproximadamente 12 km da boca do rio de Regência ao alto mar, cerca de 15 km da boca do rio ao Norte e 7 km para o Sul”.

Ainda de acordo com a Samarco, no monitoramento da manhã desta terça-feira, a eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas variou de 47% até 91%, se comparado a turbidez da água de dentro do estuário ao canal principal do rio.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da empresa disse que está cuidando do recolhimento das espécies mortas da fauna. A ação é uma demanda estabelecida pelo  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para evitar a geração de odor e a proliferação de vetores.

"Nos locais onde se identificou morte de peixes, uma empresa especializada, em conjunto com pescadores da região, está recolhendo as espécies, em atendimentos às determinações das autoridades competentes e armazenando-as em bombonas, para posterior destinação em local devidamente habilitado para recebê-los”, informaram, sem dizer quantos quilos de peixes já foram recolhidos.

A prefeitura de Linhares (ES) interditou as praias de Regência e Povoação após a chegada da lama do rompimento de barragem em Mariana (MG) no mar. A prefeitura espalhou placas ao longo das praias informando que a água está imprópria para o banho.

O rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), no dia 5 de novembro, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no meio ambiente.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Lama avança 40 quilômetros acima do litoral de Regência, em Linhares


Segundo o secretário de Meio Ambiente de Linhares, Rodrigo Panetto, como há expectativa de mudança do vento para nordeste, a lama poderá descer também no sentido sul

A lama de rejeitos proveniente do rompimento de barragem da Samarco já avançou 10 quilômetros mar a dentro no litoral de Regência, em Linhares, assim como também já se espalhou por outros 40 quilômetros ao norte, já chegando na região de Pontal do Ipiranga, também em Linhares.


Em entrevista para a Rádio CBN Vitória, na manhã desta segunda (23), o secretário de Meio Ambiente da cidade, Rodrigo Panetto, afirmou que, como há expectativa de mudança do vento para nordeste, a lama poderá descer também no sentido sul. A prefeitura decidiu criar uma barragem no canal do Rio Pequeno, afluente do Rio Doce, para evitar que a lagoa Juparanã seja atingida pela lama.

A prefeitura também já ingressou na Justiça contra a Samarco por danos morais coletivos, danos ambientais e pedindo todo o ressarcimento do que está sendo gasto na cidade com o problema.

Terceira onda de rejeitos está para chegar
A prefeitura da cidade já aguarda uma nova leva da lama, mais densa, ainda sem previsão.

“No final da tarde de hoje (domingo) já percebemos uma turbidez – número de partículas na água – maior na foz. Pode ser que a turbidez aumente, mas é difícil prever. O grande problema é: onde é o fim dessa lama? Não sabemos até quando vamos receber esse material”, afirma o biólogo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Luciano Cabral.

Praias
A administração orienta a população a não frequentar as praias de Linhares. “Já coletamos amostras da água. Por precaução, pedimos que as pessoas evitem o contato até que tenhamos os laudos. Orientamos a não ir a nenhuma praia de Linhares, seja Regência, Povoação, Barra Seca ou Pontal do Ipiranga”, destacou o biólogo.
Lama de rejeitos minerais proveniente da barragem do Fundão, rompida no último dia 5, chega ao oceano no distrito de Regência, em Linhares (ES), neste domingo (22). A lama chegou ao mar após percorrer o leito do Rio Doce - Crédito: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

domingo, 22 de novembro de 2015

Boias de contenção não impedem que lama atinja vegetação na foz do Rio Doce


As boias de contenção instaladas às margens do rio Doce para proteger a vegetação na foz [ponto de desaguamento no mar], no vilarejo de Regência, próximo à cidade de Linhares (ES), não conseguiram conter completamente a lama de rejeitos do desastre de Mariana (MG).

Essa região, onde o rio se encontra com o mar, é berçário de uma espécie de caranguejo chamado de Guaiamu. A onda de rejeitos atingiu a vegetação e os locais onde vivem os caranguejos. As boias, instaladas pela Samarco, são tradicionalmente usadas na contenção de vazamentos de óleo, por isso, não se tinha certeza da efetividade da estratégia. Segundo a empresa, foram instalados nove quilômetros de barreiras de contenção para proteger as áreas mais sensíveis do estuário (ambiente de transição entre o rio e o mar) localizado em Regência, distrito de Linhares.

“Segundo análises realizadas nesta manhã, a eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas chegou a ser de até 80%, se compararmos a turbidez da água de dentro do estuário ao canal principal do rio”, diz a empresa.

A empresa acrescentou que as consequências que não puderem ser mitigadas com essas ações estarão cobertas pelo Termo de Compromisso Socioambiental (TCSA) preliminar, assinado com o Ministério Público do Espírito Santo, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho. Esse termo de compromisso “prevê medidas que visam garantir o abastecimento de água em áreas atingidas, a apresentação do Plano Emergencial de Contenção, Prevenção e Mitigação dos Impactos Ambientais e Sociais, além da disponibilização de canais de comunicação com as comunidades dos municípios de Baixo Guandu, Colatina, Linhares e Marilândia”.

A Samarco diz ainda que contratou uma empresa especialista “em desastres dessa magnitude, que se dedicará à elaboração dos planos, gestão e supervisão das ações que serão implementadas em todas as áreas impactadas ao longo do Rio Doce”.

A barragem de Fundão, localizada em Mariana (MG), rompeu no dia 5 de novembro, gerando enxurrada de rejeitos de mineração. A barragem é da mineradora Samarco, que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton.

* Com informações de Bruno Faustino, da TV Educativa-ES, em colaboração para a TV Brasil

Corpo de Bombeiros continua busca por desaparecidos em Mariana


O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais fez hoje (22) buscas por desaparecidos no desastre de Mariana, mas de acordo com a corporação não foram encontrados corpos. Ainda são procuradas onze pessoas.

O trabalho hoje teve o reforço de 25 alunos da Academia de Bombeiros Militar, que continuaram com as buscas no distrito Ponte do Gama. Segundo o Corpo de Bombeiros, houve atenção especial para as áreas indicadas pelos cães nos trabalhos de ontem. “A área é de difícil acesso, de mata fechada e de relevo acidentado e as equipes de busca serão móveis”, informou, em nota, o Corpo de
Bombeiros.


Os bombeiros também fizeram buscas na área da Barragem de Fundão, onde já havia sido encontrados três veículos cobertos pelos rejeitos de minério. “Uma equipe de bombeiros militares, com o auxílio de uma retroescavadeira da Samarco, está trabalhando na área para acesso aos

veículos. A aeronave Arcanjo, do Batalhão de Operações Aéreas, conduziu uma equipe com cães para o local com a finalidade de refinar as buscas”, acrescentou o Corpo de Bombeiros.


A barragem de rejeitos de Fundão, localizada em Mariana (MG), rompeu no dia 5 de novembro, gerando enxurrada de rejeitos de mineração. A barragem é da mineradora Samarco, que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton.

sábado, 21 de novembro de 2015

Lama de barragem rompida atingirá litoral do Espírito Santo a partir desta noite


A onda de lama de rejeitos minerais que se formou após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana, Minas Gerais, no último dia 5,  deve chegar ao litoral do Espírito Santo a partir da noite de hoje (21) até a madrugada de amanhã (22), segundo informações da Defesa Civil e da mineradora. Devido ao período seco, um banco de areia formou-se e está impedindo a chegada da lama ao mar.

Máquinas da Samarco, mineradora que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton, trabalham para desobstruir o caminho até o litoral no vilarejo de Regência, próximo à cidade de Linhares. A avaliação é que, caso a lama se dilua no mar, os danos serão menores do que se permanecer represada.

Em uma tentativa de salvar a vegetação na foz [ponto de desaguamento no mar] do rio Doce, a Samarco instalou bóias de contenção às margens. No entanto, não há certeza sobre a efetividade das bóias, já que tradicionalmente elas são usadas na contenção de vazamentos de óleo.

O trajeto da lama de rejeitos pelo rio Doce interrompeu o abastecimento de água em municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. A situação mobilizou pessoas de vários pontos do país, que arrecadaram água potável para enviar para a região. Amanhã (22), durante o jogo de futebol entre Fluminense e Avaí, na cidade capixaba de Cariacica, haverá mais um esforço de arrecadação.

Os torcedores que doarem dois litros de água mineral nas entradas do estádio terão direito a pagar metade do valor dos ingressos. A campanha está sendo organizada pelo Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES).

*Com informações de Bruno Faustino, da TV Educativa-ES, em colaboração para a TV Brasil

Sebastião Salgado diz que acredita na sobrevivência do Rio Doce


Natural de Aimorés (MG), afetada pelo rompimento das barragens da Samarco, Salgado cresceu às margens do Rio Doce. É dele a ideia de criar um fundo exclusivo para recuperação do rio que deverá ser constituído pelas empresas BHP e Vale, donas da Samarco.

O fotógrafo alerta ainda para a necessidade de que os recursos sejam fiscalizados pela sociedade civil para evitar que o dinheiro seja desviado para uso político. “Tenho muito medo de haver uma espécie de varejo desses fundos e quem sabe numa hora qualquer esses fundos, que deveriam ser para reconstituir uma bacia destruída, passe a ser um recurso para constituir praças públicas e ser plataforma de político. Tenho muito medo.”

De acordo com ele, o formato de gestão do fundo e de fiscalização da aplicação desses recursos ainda será definida e deverá contar com a participação de autoridades federais e estaduais, organizações não governamentais (ONGs) e universidades.

O fotógrafo defende ainda uma ação emergencial de atendimento às populações ribeirinhas que estão com problemas de abastecimento de água. “Para essa parte da população [pescadores e indígenas] vamos ter que encontrar um plano imediato. A proposta que nós temos deve ser concluída a médio e longo prazo, você não recupera uma bacia em menos de 15 ou 20 anos”, disse.

Perguntado sobre possíveis apoios internacionais para constituição do fundo de recuperação da Bacia do Rio Doce, ele disse que a questão é puramente nacional, de duas empresas, a Vale e a BHP que, em última instância, provocaram o dano ecológico. “Depois que o fundo for constituído a gente pode pensar na colaboração internacional tanto técnica quanto financeira para reconstrução da bacia”, ressalta.

Sobre a recuperação das nascentes da região, ele disse que o Instituto Terra, ONG da qual é fundador, pode começar o reflorestamento dessas áreas a partir de outubro do próximo ano, período de chuvas. “O instituto tem o maior viveiro de plantas nativas do estado de Minas Gerais e pode iniciar o plantio e a preparação dos técnicos que vão trabalhar nessa recuperação a longo prazo.”


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Rompimento da barragem é a maior catástrofe ambiental do Brasil, diz ministra


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse hoje (19) que o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em Mariana (MG), há duas semanas, é a maior tragédia ambiental da história do Brasil.

“É a maior catástrofe ambiental do país, isso é inegável. Eu vi o acidente. É impressionante o impacto na flora e nas atividades econômicas”, disse a ministra. "No trecho do Rio Doce em Minas, a ictiofauna [espécies de peixe em uma região] na calha do rio principal acabou".

Segundo Izabella, o governo está trabalhando para reduzir os impactos no Rio Doce e no oceano. “Nós estamos desde sábado trabalhando em parceira com o Espírito Santo e com a prefeitura de Linhares. Abrimos um canal na foz do rio, que está assoreado, para facilitar a dispersão da lama”, informou. "Os peixes de superfície conseguiram migrar para alguns rios tributários, mas estão morrendo, e a fauna ribeirinha também foi impactada".

A ministra informou que a onda de lama deve se espalhar por uma extensão de 9 quilômetros (km) quando chegar ao mar, após desaguar na costa do Espírito Santo, na cidade de Linhares. “Os dados de dispersão disponíveis indicam que a dispersão máxima para o sul é 6 km e a dispersão máxima para o norte é 3 km, porque as correntes marinhas ali seguem para o sul”, disse a ministra.

O rompimento da barragem de Fundão destruiu o distrito de Bento Rodrigues e deixou mais de 900 pessoas desabrigadas. A onda de lama que se formou chegou ao Rio Doce, provocando a mortandade de peixes e impedindo o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. Sete mortos durante a tragédia foram identificados, cinco corpos aguardam identificação e 11 pessoas permanecem desaparecidas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Justiça manda Samarco barrar lama para evitar chegada ao mar do Espírito Santo


A Justiça Federal no Espírito Santo determinou que a mineradora Samarco, cujos donos são a Vale e a BHP Billiton, apresente em 24 horas medidas para que a lama que atingiu o Rio Doce após o rompimento de barragem de rejeitos de mineração não chegue ao litoral do estado.

Segundo a decisão do juiz Rodrigo Reiff Botelho, a empresa será multada em R$ 10 milhões por dia caso a determinação não seja cumprida.

“Passadas hoje quase duas semanas do início do desastre e já havendo, há algum tempo, a previsão de que o fluxo de lama e resíduos, ao se movimentar ao longo do leito do Rio Doce, fatalmente iria atingir e afetar drasticamente a foz do referido rio e todo o ecossistema local e marinho capixaba, as unidades de conservação no entorno e as praias costeiras, não houve ainda, ao que parece, a elaboração de um plano emergencial de contingência para se minorar esses impactos que se mostram como certos”, diz o juiz na sentença.

A onda de lama que se formou após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, chegou ao Rio Doce, provocando a morte de peixes e impedido o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. O rio deságua no mar na cidade capixaba de Linhares. A previsão é que a lama chegue à foz do rio até o fim de semana.

A Samarco confirmou o recebimento da decisão da Justiça Federal e informa que irá analisar “cuidadosamente” o que é requerido. A empresa Informou que está tomando as providências para mitigar as consequências geradas com o avanço da lama pelo Rio Doce.

Segundo a empresa, 9 mil metros de barreiras de contenção começaram a ser instaladas ontem (18). “ As contenções começam na parte sul da foz, em Regência, e seguem até Povoação, na região de Linhares. As barreiras serão instaladas em pontos estratégicos, às margens do rio, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais”, disse a empresa, em nota.

Chegada da lama faz Colatina suspender captação de água do Rio Doce


A lama vinda de Mariana (MG), após o rompimento da barragem de rejeitos Fundão, da mineradora Samarco, chegou ontem (18) a Colatina, no Espírito Santo, suspendendo a captação de água do Rio Doce. O município de 120 mil habitantes começou a adotar medidas alternativas para o abastecimento.

A prefeitura, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e o Exército instalaram pontos de distribuição de água na cidade. “Estamos com caixas sendo colocadas no município. Em vários bairros temos reservatórios que serão abastecidos com carros-pipa”, disse o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski.

Além do abastecimento por meio de caminhões-pipa, tanques de armazenamento e distribuição de água, a prefeitura faz a captação em lagoas da região, perfura poços artesianos e a construção de adutoras para amenizar o problema.Mesmo com as ações, a expectativa é que o abastecimento alternativo atinja somente 30% da necessidade da população. Não há previsão de quando a água voltará a ser captada do no Rio Doce.

“Temos que poupar muita água. Ninguém sabe quando vai ser normalizado. Mas acredito que vai demorar muito para o rio ser recuperado. A gente também não tem certeza da qualidade de água”, disse a estudante Angélica Rodrigues.

Colatina é a segunda cidade capixaba com o abastecimento interrompido após a onda de lama que se formou com o rompimento da barragem em Minas Gerais contaminar o Rio Doce. Em Baixo Guandu, a captação foi suspensa na manhã de segunda-feira (16). Segundo a prefeitura, o abastecimento de água na cidade foi normalizado depois que a companhia de abastecimento fez obras para a captação de água de outros rios.

Uma das cidades mais prejudicadas foi Governador Valadares. O município mineiro está em situação de calamidade pública há mais de dez dias. Os 280 mil pessoas ficaram sem acesso à água potável por uma semana. A população, pega de surpresa, fez filas para comprar água mineral.

“Aos poucos, o abastecimento começa a se normalizar. Mas ainda estamos economizando ao máximo e muita gente tem que recorrer às garrafas de água mineral distribuídas em vários pontos da cidade”, disse a moradora Danni Farias. A lama deve chegar a Linhares, onde fica a foz do Rio Doce, no fim de semana.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ministra diz que recuperação da Bacia do Rio Doce levará pelo menos dez anos


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse nesta terça (17) que o projeto de recuperação da Bacia do Rio Doce será de longo prazo. “Quando falo de longo prazo, é um projeto de pelo menos uma década”.

A ministra participou da reunião com a presidenta Dilma Rousseff e integrantes do comitê de gestão e avaliação de respostas ao desastre causado pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, na região de Mariana, em Minas Gerais.

Izabella Teixeira falou também sobre o plano de recuperação da Bacia do Rio Doce anunciado, após a reunião, pela presidenta Dilma Rousseff. Segundo a ministra, haverá muito trabalho pela frente a ser feito e que o objetivo é chamar todos as partes envolvidas para convergir numa proposta única que não é de curto prazo.

“O desastre é enorme, é uma catástrofe, o pior desastre ambiental do país, e temos que tomar medidas inovadoras para resolver. A gente sabe que a parte de peixes, a fauna intocada, répteis, isso foi perdido. Os especialistas terão que dizer quanto tempo leva [a revitalização]. Além da recuperação de nascentes e uma série de situações estruturantes para a restauração da qualidade ambiental na bacia”, disse Izabella.

Dilma anuncia plano de recuperação da Bacia do Rio Doce


A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta terça (17) um plano de recuperação da Bacia do Rio Doce, atingida pela onda de lama provocada pelo rompimento de uma barragem de rejeito da mineradora Samarco na região de Mariana, em Minas Gerais. Segundo Dilma, o programa de recuperação será elaborado pelo governo federal junto com os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo.

“Esse rio tem em torno dele uma das maiores concentrações de mineradoras e siderúrgicas do Brasil. Uma série de processos levou a essa situação. Se houve essa calamidade, temos que dar um exemplo e recuperar esse rio, revitalizá-lo. Uma parte muito expressiva [da recuperação] terá de ser feita por ressarcimento da empresa”.

Dilma afirmou que o governo está definindo como esse plano será custeado. “Amanhã faremos reunião entre a Advocacia-Geral da União, os procuradores dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Eles vão avaliar a arquitetura jurídica de todos os problemas, os emergenciais e o do plano de recuperação do Rio Doce”.

Segundo o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, os governos vão ter que construir um instrumento jurídico para o plano de recuperação, “seja ele um fundo, seja um cronograma de ressarcimento”.

A presidenta ressaltou que o monitoramento da qualidade da água para abastecimento das cidades atingidas e o risco de rompimento de novas barragens estão sendo monitorados diariamente.

Pimentel afirmou que a situação ainda é de emergência na região, mas “não há uma situação de risco imediato”. “Na barragem de Germano está sendo feito trabalho de colocar 500 mil metros cúbicos de pedra [para evitar o rompimento].”

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, relatou que a lama está chegando ao estado pela divisa do município de Baixo Guandu. “Para avaliar esse desastre gravíssimo vamos precisar de um tempo. Não é possível fazer a avaliação sem saber toda a extensão dos danos. Por onde a lama está passando está destruindo a fauna e flora do Rio Doce. A empresa tem responsabilidade e vamos cobrar a responsabilidade da Samarco desse acidente ambiental mais grave da história do país”.

Dilma reuniu-se na noite de hoje (17) no Palácio do Planalto com integrantes do comitê de gestão e avaliação de respostas ao desastre ocorrido após o rompimento das barragens de rejeitos.

Participaram da reunião de hoje os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Eduardo Braga (Minas e Energia), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), além do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp e do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu.

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