terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Resultado de eleições na Venezuela pode indicar esgotamento do neopopulismo



A vitória da oposição nas eleições parlamentares da Venezuela pode indicar o esgotamento do modelo neopopulista não somente na Venezuela, mas em toda a América do Sul, na avaliação do professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas.

A oposição venezuelana conquistou 99 assentos de um total de 167 que compõem a Assembleia Nacional – contra 46 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, obtendo maioria parlamentar pela primeira vez em 16 anos.

Os resultados eleitorais traduzem uma virada histórica depois da chegada ao poder do "chavismo" (de Hugo Chávez), em 1999. A oposição beneficiou-se do forte descontentamento popular na Venezuela com uma crise econômica provocada pela queda do preço do barril petróleo. Embora o país detenha uma das maiores reservas do produto do mundo, está atualmente imerso em uma situação de escassez de alimentos e bens de primeira necessidade.

Além do resultado na Venezuela, Caldas cita a vitória de Mauricio Macri, novo presidente da Argentina, eleito há pouco mais de 15 dias. O professor lembra que no modelo neopopulista não há abandono total das políticas econômicas, mas a preocupação com orçamento e controle da inflação é mínima. “É claro que quanto menos democrático é o país, mais você pode avançar nas políticas populistas. No caso do Brasil, que é um sistema democrático mais avançado que o argentino ou venezuelano, aí a contenção é maior”, acrescentou.

“A tendência é o neopopulismo ceder para políticas econômicas mais responsáveis, equilibradas. Se o neopopulismo quiser sobreviver a longo prazo, vai ter que dialogar com políticas econômicas consistentes”, enfatizou Caldas.

Já para o cientista político e professor de Política e Administração Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cláudio Gurgel, o resultado das eleições parlamentares não significam uma “mudança de rumo” na Venezuela. “Apesar de existir um histórico recente de maioria larga do chavismo no parlamento, é uma eleição mais permeável a movimentos locais. Portanto, tem um significado e um simbolismo que devem ser relativizados”, disse.

Na avaliação de Gurgel, o resultado é uma manifestação clara de insatisfação do eleitorado em relação a algumas políticas e também em relação a alguns políticos que estavam no Congresso venezuelano, mas não significa, necessariamente, uma derrota ao chavismo. "Não considero que isso signifique um julgamento definitivo sobre o chavismo. Até pelo traço de personalismo da política [venezuelana]. Há uma marca generalizada de personalismo na política seja nos países pouco desenvolvidos, seja nos centrais”, destacou.


“As eleições presidenciais têm outro significado. Seria de fato uma disputa mais representativa do apoio ou da negação do apoio da população venezuelana ao chavismo”, acrescentou Gurgel.

*Com informações da Agência Lusa

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