terça-feira, 29 de julho de 2014

Em entrevista exclusiva, Eduardo Campos afirma que PT e PSDB se esqueceram do ES

O presidenciável Eduardo Campos concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista da TV Vitória Alex Cavalcanti e garantiu que, se eleito, dará mais atenção ao Estado.

Do Folha Vitória
Em sua visita nesta terça-feira (29) ao Espírito Santo, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) concedeu uma exclusiva ao jornalista da TV Vitória, Alex Cavalcanti.

Campos afirmou que o Espírito Santo perdeu investimentos nos últimos anos, quando o País foi governado pelo PT e pelo PSDB e que, se eleito, dará atenção ao Estado.

Confira na íntegra a entrevista:

Alex Cavalcanti: Bom, eu quero começar conversando com o senhor sobre economia. O Espírito Santo vem de uma sequência de perdas de receita: primeiro o Fundap, perdeu royalties. Royalties inclusive que foram redistribuídos com muita pressão dos estados do nordeste e, lá atrás, há muito tempo, perdeu também com a Lei Candinho, por conta da desoneração das exportações. Tudo isso sempre fica uma promessa de compensação dos estados pelo governo federal, criação de fundos de compensação e que nunca são proporcionais, o estado nunca recebe quantias equivalentes ao que perdeu. Caso o senhor seja eleito, como fica essa relação do estado do Espírito Santo com o governo federal?

Eduardo Campos: No nosso governo, ao invés de perder, o Espírito Santo vai ganhar. O Espírito Santo há 20 anos assiste o Brasil ser governado pelo PSDB e pelo PT e durante esses 20 anos o tratamento foi praticamente o mesmo em relação ao Espírito Santo. É só dar uma olhada no aeroporto, no porto, nas rodovias e a gente vê que eles ficam um falando do outro, mas na verdade todos deixaram o Espírito Santo esquecido. Agora, recentemente, todos assistiram o PSDB e PT juntos pôr fim ao Fundap, que tocou fortemente os municípios e o Estado. Nós vamos inaugurar um tempo em que aqueles que sempre perderam vão ganhar, vão ganhar o quê? Atenção de um governo que se instala para reduzir as desigualdades no país. Nós vamos fazer esse país voltar a crescer, conter a inflação, baixar os juros e cuidar das desigualdades. Nós sabemos que o povo capixaba já está cansado dessa conversa. Conversa, conversa e conversa, e se tira aquilo que foi construído com muito esforço do povo capixaba. Nós vamos garantir as conquistas, as obras de infraestrutura e vamos fazer com que o Espírito Santo sinta a atenção que hoje falta na vida do povo do Espírito Santo.


AC: O senhor consegue detalhar, explicar como vai ser? A gente sabe que o cobertor é curto, a inflação está subindo, os juros já estão altos. Como é que dá para baixar taxas de juros, conter a inflação? O que o senhor está pensando em fazer? Dá para detalhar?

EC: Dá sim, com confiança. A economia hoje vive uma crise de confiança por uma governança macroeconômica incerta, que gerou dúvida nos agentes econômicos daqui e de fora, e a gente sabe que na dúvida as pessoas não ultrapassam, não investem. A gente viu o governo acreditar naquela velha lenda dos anos 60 que dava para trocar um pouquinho de inflação por um pouco de crescimento e deu no que deu. Nós estamos com baixo crescimento, as exportações sentindo... Nós estamos vendo os investimentos diminuindo no país, os empregos já sendo sacrificados e na hora em que a gente tiver uma condição macroeconômica responsável como centro da meta vamos efetivamente levar um modelo de gestão para o governo brasileiro diferente do que é hoje. Hoje são 39 ministérios, entregues aos partidos em função dos interesses meramente eleitorais. Nós vamos conduzir o Brasil de volta a um ciclo de crescimento econômico. E esse crescimento tem que ter qualidade: qualidade na relação com a natureza, qualidade com a inclusão de pessoas, e sobretudo, a possibilidade de equilibrar especialmente o desenvolvimento.

AC: O senhor mencionou na primeira resposta alguns projetos que são importantes para o Espírito Santo. Nós estamos com um aeroporto que se tornou uma grande novela. A gestão vai ser diferente num eventual governo do senhor?

EC: O problema da infraestrutura no Brasil é sobretudo um problema de gestão, de incompetência. A máquina aparelhada não produz os resultados, você coloca dinheiro e não sai aeroporto do outro lado, por quê? Porque as pessoas são indicadas para as funções por critério meramente político e eleitoreiro. Nós precisamos tocar estradas, portos, aeroportos, como também hospitais, políticas de educação. Nós vamos fazer educação em tempo integral ser uma realidade no Brasil. Eu digo isso porque fiz como governador a maior rede em tempo integral do Brasil. Nós vamos assumir o desafio da segurança pública como um problema também do país. Eu digo isso porque governei o estado mais violento do país. Quando eu cheguei, era a capital mais violenta e fui o único governador que conseguiu reduzir a violência por sete anos ininterruptos, recebendo, inclusive, um prêmio da ONU por isso. Então, essa pauta do Brasil real é a pauta do nosso governo. É governo ouvindo a sociedade, com gestão competente. Para isso é fundamentalmente preciso mudar a política. E a política no Brasil nos últimos 20 anos vem sendo dominada exatamente pelos mesmos. Todas as vezes que governam, governam de jeitos assemelhados.

AC: Já que o senhor mencionou a segurança pública, o Estado que o senhor governou tem índices ainda altos, embora o senhor tenha mencionado uma redução, e o Espírito Santo também está entre os mais violentos no país, embora nos últimos anos também tenha conseguido redução nas taxas de homicídio. Mas o que as autoridades de segurança pública sempre comentam é que os estados não produzem drogas e armas; essa violência estaria ligada ao tráfico de drogas. Uma vez o senhor como presidente da república, qual a estratégia para combater a criminalidade que chega nas nossas cidades e está muito relacionada ao tráfico de drogas?

EC: Segundo o mapa da violência, que é um estudo técnico, insuspeito, o estado que mais reduziu a violência foi Pernambuco. Só na capital, Recife, foi 60% a queda de homicídio, enquanto em todo o nordeste explodiu a violência. No Brasil, no ano passado, mais de 50 mil pessoas foram assassinadas, é uma guerra. Como fazer essa redução? Ora, se o governo federal arrecada 60% dos tributos e no gasto com a segurança só vem do governo federal 15% aí você já vê exatamente o que falta nesse jogo. Está faltando o governo federal entrar no lado do cidadão para enfrentar o tráfico. A atual presidenta viu a redução da polícia federal, reduziu quase três mil homens, as nossas fronteiras estão abertas, o craque e a pasta base da cocaína entram na hora que quiserem exterminando vidas de jovens, levando a insegurança, o dependente químico fica furtando senhoras saindo do banco ao receber suas pensões. Para quê? Para manter o vício. Nós temos que enfrentar o tráfico internacional, temos que ter o governo federal financiando uma remodelação da estrutura da segurança pública, inclusive gratificando o pessoal da segurança pública por resultados. Eu acho que é isso que a sociedade deseja. É uma nova pauta que a sociedade colocou nas ruas nos últimos anos, que é a pauta da educação de qualidade, da saúde, da segurança pública, da mobilidade e do desenvolvimento dos estados que têm efetivamente carência e mais desigualdade.

AC: Candidato, rapidamente eu gostaria que o senhor avaliasse o processo de sucessão aqui no Espírito Santo. O atual governador é do seu partido e está enfrentando o ex-governador. Os dois já foram aliados. Como é que o senhor avalia esse processo no Espírito Santo?

EC: Eu acho que o Renato, ao longo de todo o seu mandato, se preocupou em administrar o Espírito Santo. Em melhorar a vida do povo, em mostrar que é possível ter desenvolvimento econômico e cuidar das pessoas. Cuidar da segurança é um grande problema do país, mas também do Espírito Santo. Cuidar da saúde pública e mostrar que é possível não só desenvolver a economia, mas também cuidar das pessoas. E ele sempre colocou em segundo plano a disputa política. Infelizmente alguns colocam a disputa política, pessoal e eleitoral acima dos interesses do Espírito Santo. Eu, como presidente do partido, deixei Renato muito à vontade para que ele cuidasse do Espírito Santo, que eu acho que é a tarefa dele. Por isso acho que o povo capixaba vai dar a chance de ele fazer um trabalho ainda melhor no segundo mandato.

AC: Candidato, eu queria que o senhor comentasse brevemente. O país está se desindustrializando... Qual é a proposta para reverter isso?

EC: A proposta é a gente cuidar da industria brasileira com inovação, com reforma tributária com incentivo, com qualificação profissional... Eu fiz a reindustrialização do estado de Pernambuco e vou fazer a reindustrialização do Brasil.

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